sábado, dezembro 30, 2006

UMA OBSCENA HUMILHAÇÃO

Fiquei incomodado. Nunca pensei que, no limiar do século XXI, fosse possível condenar-se à morte por enforcamento o ex-Presidente de um Estado, curiosamente dum Estado Árabe e Muçulmano. Por mais crimes que Sadam Husseim tenha cometido ou mandado cometer durante os 24 anos em que foi Presidente do Iraque, maior foi o crime daqueles que hoje, directa ou indirectamente, o mandaram enforcar. Cometeram, todos eles sem excepção, um crime maior, o crime de lesa humanidade. Um crime-moral destes também é condenável, quaisquer que sejam as circunstâncias.

A condenação à morte é, nos tempos de hoje, um acto repugnante; e a morte por enforcamento uma aberração monstruosa. As imagens que acabo de ver pela televisão provocaram em mim um estado de indescritível indignação. Não aceitando a barbárie, vi-a hoje abjectamente publicitada pelas televisões do mundo inteiro. Incrível. Que baixeza moral …

Os Juízes de um pseudo Tribunal que o condenaram à morte, a Administração Americana do Presidente Bush que a promoveu e desejou, os mandantes políticos que, de alguma forma, contribuíram para o desfecho de Bagdade, todas essas perversas criaturas outra coisa não fizeram senão cometerem um acto de indecente pusilanimidade. Ao matarem à pressa, com espectáculo mediático, UM SER HUMANO, não resolveram nenhum dos problemas que atormentam o Iraque, dividiram ainda mais os iraquianos, instalaram a revolta, acirraram por muitos anos os ódios que já medravam na sociedade de Sadam e deram um golpe fatal na democracia daquele País.

NÃO É TAMBÉM ISTO UM CRIME PERFEITO? QUE SANÇÃO PARA ESTES CRIMINOSOS Á SOLTA?

terça-feira, dezembro 05, 2006


GOLFE: UMA ACTIVIDADE FÍSICA E MENTAL

Jogar golfe é uma modalidade desportiva que todos deviam praticar. Crianças, jovens, adultos e pessoas seniores, todos podem ser potenciais jogadores de golfe. A partir dos 5 anos e desde que se não tenha impedimento físico ou indicação médica que claramente o desaconselhe, não há, na prática, limite de idade para se poder praticar esta actividade desportiva. É um jogo que tanto pode ser jogado individualmente como em grupos de dois, três ou quatro jogadores. Mas é, das que conheço, a única modalidade desportiva que pode ser jogada por um só jogador, em que o seu exclusivo adversário é o próprio campo e as dificuldades que ele contém para se conseguir, com o menor número possível de pancadas, introduzir a bola em cada um e no conjunto dos buracos do campo de golfe onde se esteja a jogar.

Comecei a jogar golfe há apenas um ano. Gostei, diverti-me, relaxei, fiz exercício físico com assiduidade, confraternizei e conheci novas pessoas, pessoas interessantes. Pela experiência que já adquiri, lamento não ter iniciado esta modalidade há, pelo menos, 20 anos. Mas sinto que ainda fui muito a tempo de a poder fruir e de dela retirar a imensidade de benefícios de que é intrinsecamente portadora. Jogo agora sempre que posso, só, ou em actos de confraternização desportiva com outros jogadores, independentemente da sua idade.

Não sendo fácil de praticar, o golfe é um jogo verdadeiramente estimulante. Representa um desafio à capacidade individual de cada jogador se superar perante as dificuldades que sistematicamente enfrenta no decurso do jogo em que esteja envolvido. Não há um jogo sem dificuldades, mas também não há obstáculos que não possam ser vencidos. Com determinação, perseverança e uma ilimitada ambição de vencer, é sempre possível obter um resultado que, bom ou menos bom, nos dá sempre uma sensação final de bem-estar e de dever cumprido; no fim de cada jogo não há jogador que não se sinta dominado por um sentimento de confortável deleite intelectual. Um mau resultado fortalece-nos para tentar de novo; um bom resultado estimula-nos a obtê-lo melhor. Jogar golfe é um saudável exercício físico ao ar livre, embrenhado com a natureza e com respeito por ela; jogar golfe é ser-se disciplinado, cortês e solidário com os outros; é estar-se num inacabado processo de afirmação de personalidade e é estar-se numa assumida atitude de respeito por regras e códigos de conduta, conscientemente aceites por todos. No golfe não há lugar à batota, não há lugar a jogadas esquisitas de bastidor, não há árbitros de escolha selectivamente orientada, não há lugar a suspeições. Cada jogador é árbitro de si próprio e de quem joga consigo. Há aqui uma ética de valores que todos respeitam


Quem puder, deve jogar golfe com assiduidade. O golfe é uma escola de virtudes, uma cultura prática de cidadania, um acto saudável de vida, uma fonte de deleite intelectual, um exercício de convívio intergeracional.

quarta-feira, novembro 22, 2006

MAIS PAPISTA DO QUE O PAPA

Hesitei muito em escrever este artigo. Hesitei porque, sendo um dos portugueses que nutre pelo Professor Cavaco Silva uma indiscutível admiração, senti-me, por dever de consciência, obrigado a dizer-lhe algo que não vai ser do seu agrado. Não ficaria bem comigo se não lho dissesse.

Tenho para mim que este ilustre Professor Universitário foi o político que, em termos gerais, mais marcou positivamente o nosso País, depois da instauração do regime democrático. Nos domínios da Política Externa e das relações com a União Europeia, das Infra-estruturas Rodoviárias, das Finanças e da Segurança Social, o período de 1985 a 1995 foi um período de ouro, muito difícil de ser repetido no futuro. Portugal deve-lhe muito nestes domínios. É indiscutível.

O mesmo não pode ser dito, infelizmente, em relação à Justiça, à Educação e à Qualificação dos Recursos Humanos. Nestas três áreas residiu o calcanhar de Aquiles do Primeiro-ministro Cavaco Silva. Por falta de tempo, por opções políticas desajustadas ou por falta de Ministros competentes naquelas três áreas, a obra de Cavaco não pôde, por isso, ser perfeita. Tê-lo-ia sido se, designadamente na Justiça e na Educação, o investimento político tivesse sido outro. Não foi; perdeu-se, naquela década, uma oportunidade única e o País ficou, para muitos anos, irremediavelmente marcado por incontornáveis contradições, hoje à vista de todos: Portugal é um dos países da União Europeia mais avançado em infra-estruturas rodoviárias e obras de betão; mas é um dos países que está a ficar fatalmente para trás de todos os outros na Justiça, na Qualificação dos seus Recursos Humanos e na sua manifesta incapacidade para se desenvolver competitivamente nos domínios da economia. Não vai ter remédio tão cedo, talvez durante muitas gerações.

Durante os anos em que se esteve a preparar para ser Presidente da República, e já depois de investido no cargo, não houve nem há discurso político em que Cavaco Silva não fale do atraso dos portugueses nas áreas acima citadas. É o próprio a reconhecer a sua falha. Numa conferência que, em 7 de Julho de 2005, proferiu no Clube Via Norte, Cavaco Silva já naquele momento considerava prioritário que se procedesse à urgente “…determinação do tipo de impostos que se destinam prioritariamente ao investimento produtivo na educação e qualificação dos recursos humanos de Portugal. Há no nosso País um défice crónico de educação e qualificação dos recursos humanos; trata-se dum problema geracional que urge remediar com investimentos especificamente dirigidos, com efeitos a longo prazo…”(ver www.vianorte.org). Senhor Professor: o que é que esteve a fazer durante os dez anos em que foi Primeiro-ministro de Portugal?

Assisti à entrevista que, como Presidente da República, concedeu à jornalista Maria João Avilez. Tratou-se duma entrevista inoportuna, sem sentido, lamentavelmente irrelevante. Não gostei. Foi demasiado paternalista, não trouxe nenhuma ideia nova, não avocou nenhum tema português ou mundial de especial relevância e não conseguiu ser, perante os Portugueses, politicamente equidistante. As especiais responsabilidades que detém como Presidente da República deviam impedi-lo de, nesta fase da política portuguesa, ser um defensor acérrimo das políticas do Governo ou das Oposições. Não é esse o seu papel. Fazendo o que fez agradou a uns e desagradou a outros. Corre o risco desnecessário de, a partir de agora, começar a ser na rua aplaudido por uns e vaiado por outros. E isso não é bom para o CHEFE DO ESTADO.

O Órgão de Soberania Presidente da República deve, do alto do seu posto de observação política, deixar que sejam os Portugueses e a Assembleia da República a censurar ou a apoiar o Governo e as suas políticas. VOSSA EXCELENCIA, Senhor Presidente, prestou um mau serviço e foi MAIS PAPISTA DO QUE O PAPA.

quinta-feira, outubro 26, 2006


QUE MAL FIZEMOS NÓS SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO?

Além de dois milhões de portugueses que ou são pobres ou vivem já abaixo do limite mínimo da dignidade humana, a chamada classe média tem vindo a definhar-se assustadoramente desde que o inefável José Sócrates ocupou a pasta de Primeiro-ministro de Portugal. Isto é especialmente notado no âmbito do funcionalismo público, entendido este em sentido amplo onde se incluem também os agentes políticos e membros dos próprios órgãos de soberania. Os do sector empresarial do Estado, especialmente os seus diligentes administradores, não contam para o caso, porque esses vivem num outro País em que as dificuldades nunca abundam (veja-se os Chairmen, CEO, Administradores e Directores do BANCO de PORTUGAL, CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, TAP, REFER, CP, METRO, GALP, RTP, RDP…).

Por não terem, há anos, aumentos salariais correspondentes, no mínimo, aos valores da inflação, o seu poder de compra é hoje muito menor do que era há dois anos atrás. Não surpreende por isso que famílias com rendimentos mensais da ordem dos € 5.000,00 se vejam hoje em sérias dificuldades para honrar os compromissos correntes e os contraídos extraordinariamente como é, por exemplo, o caso do pagamento das prestações mensais do carro e da sua própria casa de habitação. Se portugueses com aquele nível de rendimento se encontram em situação financeiramente difícil, que dizer das famílias das classes média-média e média-baixa, em que os salários são significativamente mais baixos? É fácil adivinhar o que passa nas famílias portuguesas próximas dos salários mínimos ou abaixo deles. Muitos estarão já na antecâmara da indigência.

Apesar de tudo o Orçamento do Estado para 2007 prevê um aumento generalizado de 1,5% para toda a função pública, entendida em sentido amplo. É pouco mas é algum, o suficiente apenas para que o seu empobrecimento se faça nesse ano mais devagar.

Não se entende a razão pela qual ficaram de fora deste ignóbil aumento os aposentados com pensão acima de um determinado valor. Porquê? Terão eles que empobrecer mais depressa ainda? Um ex-funcionário que se tenha aposentado há quatro anos tem hoje um nível de rendimentos inferior em mais de 10%. Não foi aumentado durante todos esses anos e o aumento de preços subiu sempre durante todo esse período. Por que razão não foram contemplados para 2007 com o miserável aumento de 1,5% previsto para os restantes funcionários e agentes do Estado? Não terão eles também esse direito? Não será esta decisão do Governo uma medida segregadora de portugueses, cujo execrável crime é estarem reformados e terem já pago, com os seus descontos, as pensões de outros que ainda o são ou já faleceram? Estes ex-funcionários estão a ser amplamente penalizados para o ano de 2007: vão pagar mais impostos do que pagaram nos anos anteriores e vão ganhar 2,5% menos do que ganharam em 2006.

Será isto justo? Não será isto um acto de inaceitável discriminação? Que raio de socialismo é este dum Governo que se diz Socialista? Para ganhar as eleições foi, poventura, prometido congelar os salários, aumentar os impostos e segregar portugueses?

Assim não, Engenheiro José Sócrates? Já sabe o que se passa na Hungria, pois sabe? Se sabe prepare-se então para o pior. Quem mente e intruja terá sempre a recompensa que merece.

domingo, outubro 22, 2006

ASSIM NÃO, JOSÉ SÓCRATES

Foi como membro do Governo Socialista de António Guterres que fiquei a conhecer José Sócrates. E confesso que a impressão que então tive dele foi muito positiva. Distinguia-se, no meio da mediocridade geral, como sendo um governante determinado, de convicções fortes e com ideias concretas para as áreas do ambiente que então tutelava. Francamente gostava do Ministro José Sócrates.

Já não gostei nada de o ver como comentador político de televisão. Nem dele nem do seu parceiro da altura. Fez-me, nessa qualidade, lembrar os meninos cábulas da escola que estudam bem a lição de casa, mas que não passam disso mesmo na hora da verdade. Papagueiam bem mas não convencem nada acerca do que dizem. Os comentários que produzia eram chochos, sem profundidade analítica e, o que é mais preocupante, sem qualidade intelectual. José Sócrates nunca revelou ter um pensamento próprio sobre nada. Todo ele era superficialidade.

Curiosamente vence as eleições para Secretário-geral do Partido Socialista. Graças à visibilidade pública que lhe dera a televisão enquanto comentador político com o parceiro que paradoxalmente ascendera entretanto a Primeiro-ministro de Portugal, foi assim possível que um homem mal preparado e, intrinsecamente, de uma direita ultrapassada, derrotasse os dois candidatos da esquerda do PS.

Em eleições antecipadas, com a coligação PSD-CDS politicamente desfeita e à falta de soluções mais credíveis, José Sócrates chega, por bambúrrio da sorte, a Primeiro-ministro. Prometeu mundos e fundos ao povo português para que este lhe confiasse a governação do País. E o povo confiou e fez dele Primeiro-ministro.

Uma vez no poder fez tudo ao contrário do que havia prometido. Aumentou os impostos quando havia prometido baixá-los; atacou todas as classes profissionais quando se havia comprometido a apaziguar a sociedade portuguesa; insultou os magistrados e juízes; enxovalhou os funcionários públicos; maltratou médicos e professores; foi ao bolso dos pensionistas e até os deficientes foram também alvo da sua fúria devoradora; não escaparam os próprios autarcas e o Governo Regional da Madeira, especialmente o seu Presidente.

Tudo em nome do reequilíbrio do famigerado défice orçamental. Entretanto a economia esmoreceu, a despesa pública aumentou, o défice não se reequilibrou, o investimento estrangeiro desapareceu, as multinacionais fugiram e fogem do País, o desemprego cresceu, os pobres tornaram-se cada vez mais pobres, a classe média perigosamente definhou.

Portugal é, por acção deste Primeiro-ministro, um País desanimado, sem uma estratégia clara de futuro, complexado no cômpito dos seus pares da União Europeia, e já bem no limiar de uma perigosa convulsão social. Os sinais estão à vista. O autismo do Primeiro-ministro e dos membros do seu Governo não os percebem, mas eles estão aí. Que o digam as manifestações, as greves, a indignação generalizada. Confesso que este Governo definitivamente não serve e não presta. É um Governo cuja linha de rumo foi, desde que tomou posse, a trapalhice e o ataque sistemático aos portugueses.

ASSIM NÃO, JOSÉ SÓCRATES. Para mal do seu PS e dos Portugueses o Senhor já não tem emenda, é irritante e deixou de ter a confiança dos que em si votaram. Só um caminho lhe resta: demitir-se e deixar que o povo escolha um outro Primeiro-ministro; mas um Primeiro-ministro que, de uma vez por todas, fale sempre verdade, que diga no seu programa eleitoral o que tenciona fazer se for eleito e que prometa nunca mais intrujar o povo português. Estou farto de ser insultado e enganado por VOSSA EXCELÊNCIA e pelos ajudantes que o rodeiam.

sexta-feira, setembro 29, 2006

THE CAPE OF GOOD HOPE

Durante doze dias tive o privilégio de estar em CAPE TOWN. Cidade importante da República da África do Sul é igualmente uma das cidades mais bonitas do mundo. Pude confirmá-lo.

Algumas ideias-chave puderam ser retidas da minha breve passagem por esta cidade do sul do Continente Africano: Há dentro de CAPE TOWN duas cidades contraditórias: uma muito rica com cerca de um milhão de habitantes e outra muito pobre com mais de três milhões e meio; a beleza natural desta cidade é visível nas montanhas que a circundam, no Atlântico que a sobraça, nas baías que a penetram e nas praias que a rodeiam; WATERFRONT, VITORIA HARBOUR, TABLE MOUNTAIN, HEAD LION, CAMPS BAY, SEA POINT e DISTRICT SIX são, entre outros, os ex-libris duma cidade alegre, bonita e cosmopolita, em que convivem pacificamente pessoas de raças e credos muito diferentes; a Cidade do Cabo é hoje uma cidade central de Congressos mundiais e internacionais aonde afluem, com regularidade, investigadores, médicos, artistas, economistas, cientistas e políticos de todo o mundo. Constatei, por exemplo, a visita oficial do Presidente PUTIN, acompanhado duma multidão de empresários russos, prontos para, sem receio, procederem a vultuosos investimentos nesta cidade e no território Sul-africano.

Viver na Cidade do Cabo é, sem exagero, estar a viver numa qualquer cidade do mundo mais desenvolvido. Cape Town é uma cidade atraente; tão atraente que, como consequência disso, pode estar a padecer de dois males incontornáveis: subida acelerada do custo de vida e proliferação de uma multidão de imigrantes provenientes de outras zonas do País e de países fronteiriços, concentrados sem condições nas chamadas townships. Receio bem que as townships (bairros da lata) se possam transformar numa panela de alta pressão que, a explodir, degenere num clima de incontrolável e perigosa convulsão social. O Governo Sul-africano está atento mas é latente a ameaça de graves tumultos a partir desta problemática área dos subúrbios da cidade.

Ir à Cidade do Cabo não é apenas ficar pela cidade e arredores. É também ir ao seu admirável countryside e percorrer Chapman’s Peak Drive, Hout Bay, Cape Point, Cape of Good Hope, Penguin Colony e Kirstenbosch Botanical Gardens; é deslumbrar-se com False Bay e com a simpática vila de Hermanus e é fazer uma prova de vinhos nas WINELANDS; mas é também ir a ROBBEN ISLAND conhecer a cela número 5 da prisão-museu e perceber as condições penosas em que Nelson Mandela viveu durante 18 anos na luta que travou contra o apartheid, na defesa de uma outra República Sul-africana, livre e democrática, e onde todos pudessem viver em paz, com os mesmos direitos, oportunidades e obrigações.

Visitei demoradamente THE CAPE OF GOOD HOPE e não consegui ficar indiferente. Comovi-me. Gostei por uma vez de ser português e senti-me orgulhoso dos meus compatriotas que, antes de todos os outros, por lá passaram há mais de quinhentos anos. Que a determinação de Bartolomeu Dias e de Vasco da Gama nos pudessem, hoje, servir de inspiração positiva para a redescoberta de um País que deixasse de vez o CABO DAS TORMENTAS em que tem estado penosamente mergulhado e passasse em definitivo para além do CABO DA BOA ESPERANÇA …

terça-feira, setembro 26, 2006

NÃO BATAM MAIS NO CEGUINHO


Não há dia nenhum em que um governante, um gestor, um patrão ou um órgão de comunicação social não venha a público vociferar contra o excesso de funcionários públicos. Todos, sem excepção, dizem que os há a mais e que o Orçamento do Estado não pode reequilibrar-se devido ao excesso de tão nefastas criaturas.

Até as altas individualidades do COMPROMISSO PORTUGAL quase que não encontraram tema mais aliciante senão o de, também eles, os trazer à colação, sentenciando-lhes o despedimento, duma assentada, de cerca de duzentos mil. Que originalidade para quem, de barriga cheia, assim fala!!! Limitaram-se a tratar de assuntos requentados, a tratar da segurança social como negócio estratégico dos seus interesses pessoais e empresariais para os próximos anos e a nada dizerem quanto ao que, com o seu dinheiro, eram capazes de fazer para que o nosso País enveredasse por modelos de desenvolvimento diferentes daqueles que, com desavergonhada incompetência, andaram, anos a fio, a por em prática com os resultados que todos conhecem.

Irrita-me sobremaneira que se ligue sistematicamente o problema do défice das contas públicas apenas aos funcionários públicos. Não aguento mais esta lengalenga dos instruídos do costume, quer daqueles que, ao longo dos últimos trinta anos, foram os seus recrutadores-mor (refiro-me aos detentores do poder político), quer daqueles que, de carteira recheada, se vão limitando a falar apenas do que está mal, a fazerem os diagnósticos que já todos conhecem, sem nunca apontarem caminhos diferentes de desenvolvimento que eles próprios assumidamente queiram seguir. Que conclusões inovadoras advieram, por exemplo, do último fórum do COMPROMISSO PORTUGAL? Que desilusão para quem se diz tão iluminado!!!

O problema das contas do Estado resolve-se com o desenvolvimento da economia e a adopção de medidas de contenção da despesa pública. O desenvolvimento da economia do País compete à livre iniciativa dos cidadãos e aos empresários e gestores, actuais e futuros; a contenção da despesa pública compete aos políticos.

O que devem fazer os políticos? Tornar mais leve o sistema democrático em sentido amplo. Como? Esquecer, de vez, a actual e fazer uma nova Constituição; diminuir o número de Órgãos de Soberania e afins (para que servem o Tribunal Constitucional e o Conselho de Estado, por exemplo?); diminuir para um terço o staff político de apoio do Presidente da República, da Assembleia da República, do Governo da República, dos Governos Regionais e dos Órgãos Autárquicos; diminuir o número de deputados para metade do existente; diminuir também para metade o número de membros do Governo (inseridos na União Europeia para que servem tantos membros do Governo? Só servem para se atropelarem uns aos outros e emperrarem o bom andamento do País); diminuir substancialmente o número de freguesias e concelhos bem como o número de vereadores, deputados municipais e membros das assembleias de freguesia; reduzir, enfim, o Estado ao Estado mínimo necessário, excluindo-se da sua esfera de acção tudo o que sejam empresas de capitais públicos e confiando-se ao sector privado o exercício de grande parte das funções que ainda estão erradamente a seu cargo, nas áreas da saúde, educação, transportes e serviços prisionais.

Haverá coragem para isso? Com os políticos que temos tenho sérias dúvidas...

quarta-feira, agosto 23, 2006

UM PAÍS DE FUTEBOL FALADO

A novela que, nos últimos tempos, ocupou uma boa parte dos adeptos do futebol em Portugal chegou, para já, a um primeiro fim. Acabados os recursos e contra-recursos do caso Mateus passados no âmbito das Comissão Disciplinar da Liga e do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, é a vez de, de novo, entrarem em cena os tribunais civis. Gil Vicente e Belenenses vão, certamente, digladiar-se pelos tribunais para, em última análise, se saber quem desce de divisão e quem não desce. Até agora desceram e não desceram à vez, em função dos bons ou maus humores dos senhores das Instâncias Judiciais: ora agora desces tu, ora agora permaneço eu…Ambos já estiveram na Primeira Liga, ambos já estiveram na Liga de Honra.

Pelos resultados desportivos obtidos no rectângulo de jogo o Gil Vicente perfez pontos que o manteriam na Primeira Liga; pelos resultados administrativos obtidos em campo judicial (!!!) o Belenenses conseguiu obter sentenças que evitaram a sua despromoção. Por incrível que pareça as decisões administrativas de um Tribunal espúrio prevaleceram sobre a legitimidade de resultados desportivos obtidos em campo de jogo.

Isto não me cheira bem. Desde cedo se pressentiu o resultado desta novela. Encontrado que fosse um qualquer atalho de natureza burocrática nunca o Belenenses poderia descer de divisão. Isso foi sempre evidente. Que importância teriam para um caso destes os resultados desportivos que o Gil Vicente obtivera em campo? Nada, se isso conviesse ao Belenenses e aos próceres da sua causa. Foi o que, como se previu, finalmente aconteceu.

Conhecidos os detalhes e desenlace deste caso algumas perguntas poderão ser colocadas: Por que razão o Belenenses só denunciou à Liga Portuguesa de Futebol as eventuais irregularidades do Gil Vicente depois de terminado o campeonato que ditou a sua despromoção? Por que não o fez no decurso do próprio campeonato? Sabendo a Liga, em tempo oportuno, que o Gil Vicente utilizara indevidamente o jogador Mateus por que razão não agiu, desde que foi conhecida a primeira utilização irregular? Por que razão houve tantas divisões, demissões e readmissões dos membros da Comissão Disciplinar da Liga? Como pode o Gil Vicente ser punido se a utilização, durante quatro jogos, do jogador Mateus foi autorizada pelo Tribunal? Como se explica que um atleta dito amador não possa ser inscrito num escalão profissional e um atleta júnior possa transitar directamente do seu escalão etário para o escalão sénior? Sendo, no seio dos membros da Comissão Disciplinar da Liga, tantas as opiniões divergentes sobre a regularidade ou irregularidade de utilização do jogador Mateus, por que não dar prevalência aos resultados desportivos obtidos legitimamente em campo pelo Gil Vicente? Que moralidade tem o Belenenses para disputar o campeonato da Primeira Liga de 2006/2007 sabendo-se que desportivamente os resultados que obteve em campo ditaram, de facto, a sua despromoção? Tem a actual Comissão Disciplinar da Liga espessura ética para ter decidido como decidiu? À semelhança de outros fretes não foi agora feito um frete ao Belenenses?

quinta-feira, agosto 17, 2006

MINISTROS QUE FIZERAM HISTÓRIA

A recente entrevista do actual Ministro da Saúde, sendo séria e bem intencionada, não traz, na minha opinião, nada de relevante. É que nem sempre os melhores Ministros de uma área governamental são os que provêm ou têm experiência anterior nos serviços do ministério que passaram a tutelar. Na área da saúde, tem sido, de facto, assim. De que me recorde, os melhores Ministros da Saúde de Portugal foram aqueles que vieram de áreas exteriores aos serviços de saúde. Refiro-me obviamente ao período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974.

Os que pertenciam ou, como é hoje o caso, pertencem aos serviços do Ministério que eles próprios tutelaram ou tutelam, com honrosas excepções raramente produziram ou produzem matéria ou doutrina inovadora. São muitos os constrangimentos que os limitam à partida. Não são verdadeiramente livres e, por isso, dificilmente conseguiram deixar legado positivo. Tal não significa que os que vêm de fora do sistema deixem sempre obra de referência. Também os houve irrelevantes e com mau desempenho.

Fazendo, de memória, uma retrospectiva dos Ministros que, após a revolução, já passaram pelo Ministério da Saúde, há, na minha opinião, apenas cinco que se distinguiram e deixaram obra duradoira: António Arnaut, Paulo Mendo, Leonor Beleza, Maria de Belém e Luís Filipe Pereira. Todos se distinguiram por algo que os marcou e por algo que também marcou a própria sociedade portuguesa no domínio da saúde em Portugal. Quem se lembra dos restantes e que factos politicamente relevantes produziu, até agora, o actual titular?

António Arnaut foi o autor efectivo do ainda hoje existente serviço nacional de saúde; Paulo Mendo ficará para a história como tendo sido o criador das carreiras médicas (hospitalar, saúde pública e clínica geral), dos cuidados de saúde primários, do médico de família e dos centros de saúde concelhios; Leonor Beleza foi quem primeiro tentou, com algum êxito para a altura, implantar nos Hospitais portugueses modelos de gestão profissional idênticos aos do sector privado; Maria de Belém trouxe para o serviço nacional de saúde as primeiras empresas públicas hospitalares com dois casos práticos de grande sucesso, como são os Hospitais da Feira e de Pedro Hispano; Luís Filipe Pereira foi o Ministro que, de uma forma global e integrada, conseguiu introduzir em Portugal um amplo sistema empresarial de serviços, com a criação efectiva dos primeiros Hospitais SA e a introdução obrigatória dos primeiros sistemas integrados de informação e gestão.

Dos Ministros citados apenas há um, Paulo Mendo, que, sendo do sector, conseguiu preparar e legar obra emblemática de cariz duradoiro; dos restantes, nenhum integrou profissionalmente o sistema, mas todos conseguiram deixar marca específica da sua passagem pelo Governo. Mas Luís Filipe Pereira foi, na minha opinião, de todos eles, o único que verdadeiramente teve uma visão estratégica para o serviço nacional de saúde, com modelos organizacionais e instrumentos de gestão inovadores, já provados com sucesso nas grandes empresas do sector privado de que, afinal, ele próprio é oriundo. Pena foi para o País que as vicissitudes da política o tivessem prematuramente afastado.

quarta-feira, junho 28, 2006

HONRARIAS E INUTILIDADES


Li num dos jornais diários de referência nacional que os gabinetes ministeriais podem, à face da lei, recrutar para seu apoio directo um Chefe de Gabinete, cinco Adjuntos e quatro Secretárias pessoais. Podem, além disso, ter ao seu serviço os Assessores que entenderem, sem qualquer limite.

Também se soube que o Chefe de Gabinete tem um vencimento igual ao de Director Geral e os Adjuntos 80% do vencimento daquele alto Dirigente, para além de despesas de representação e, em certos casos, de ajudas de custo. Ignoro o que ganham na função as Secretárias pessoais e os Assessores. Sabe-se, no entanto, que estes últimos usufruem de rendimentos avultados, na maioria dos casos muito superiores aos vencimentos dos próprios Governantes para quem trabalham, negociados caso a caso em função do seu valor de mercado e experiência curricular.

A isto tudo há que acrescer para a maioria daqueles fiéis servidores o direito ao uso privado de viatura do Estado, geralmente novinha em folha, para não desmerecerem dos governantes que os contrataram.

Com a multidão de Ministros, Secretários de Estado, Subsecretários de Estado e Equiparados que compõem o actual Governo Português saberá o leitor quantos Chefes de Gabinete, Adjuntos, Assessores e Secretárias pessoais estão ao serviço de Suas Excelências? Para não ficar IRRITADO nem me atrevi a contá-los. Para não ficar mais irritado ainda também me dispensei de proceder ao cálculo das despesas inúteis que o Erário Público suporta com tamanhas criaturas.

Na maior parte dos casos o seu trabalho ou é inútil ou é despiciendo. Não acrescentam nada de novo para o Governante que, quase sempre, se serve, e bem, do trabalho sustentado de Direcções Gerais profissionalizadas.

Quando tanto se fala em contenção de custos não poderíamos começar a dispensar 80% desta gente?

domingo, maio 28, 2006

ELES COMEM TUDO, ELES COMEM TUDO…


Recebi na minha caixa de correio electrónica uma mensagem de um amigo cujo conteúdo não resisto a reproduzir neste espaço. Eis o que ela diz:

O Governador do Banco de Portugal ganha muito mais do que ganhava ALAN GREENSPAN, ex-Presidente da Reserva Federal Americana. O salário anual deste eminente SOCIALISTA é de 272.628,00 Euros, o que corresponde, na moeda antiga, a cerca de 3894 contos mensais, catorze vezes por ano.

O Governador, os dois Vice-Governadores e os três Administradores do mesmo Banco custam ao erário público português, no mínimo, a indecente soma anual de, pasme-se, 1.531.916,00 euros. No mínimo porque, dentre estas seis inestimáveis criaturas, há ainda quem acresça aos seus rendimentos salariais pensões igualmente vultuosas, pagas para toda a vida pelo mesmo Banco de Portugal que, depois de os reformar, lhes continua indecorosamente a dar emprego indevido… Não haverá mais ninguém capaz de exercer aqueles cargos?

Enquanto isso acontece numa Instituição Portuguesa de capitais públicos sabia que há cerca de dois milhões de portugueses que estão a viver abaixo do chamado limiar de pobreza?

Não há quem ponha mão nisto?

domingo, maio 14, 2006

O COMANDITÁRIO FILIPE

Definitivamente não gosto do Senhor FILIPE SCOLARI. É um homem arrogante, teimoso, esquisito, tecnicamente medíocre, preguiçoso e com tiques de personalidade muito frequentes em pessoas de cultura e visão terceiro-mundista.

Pago pelos portugueses a peso de oiro, que vitória relevante obteve para o nosso País desde que assumiu o comando das selecções nacionais de futebol? Zero.

E não me digam que o segundo lugar do Europeu de 2004 foi uma vitória daquele Senhor; não só não foi vitória nenhuma como considero a classificação final obtida um verdadeiro fiasco. A jogar em casa com uma equipa cujos jogadores tinham, na sua maioria, sido, poucos meses antes, campeões europeus, a obtenção de um segundo lugar foi um inaceitável balde água fria que recaiu sobre todo o povo português. Por exclusiva responsabilidade do CHEFE Scolari. Depois de perder o jogo de abertura com uma selecção medíocre não seria aceitável que voltasse a perder a final com essa mesma equipa. Não aprendeu com os erros da primeira derrota e foi néscio no jogo da decisão. A isto chama-se INCOMPETÊNCIA.

A impressão que hoje tenho acerca do comandante-em-chefe das selecções nacionais é, além disso, a de que há por ali uma cumplicidade esquisita de interesses. Figo dispensou-se, por decisão própria, de jogar na fase preliminar de acesso e permitiu-se exigir presença obrigatória nos jogos do Campeonato do Mundo; Vítor Baía, ainda hoje o melhor guarda-redes de Portugal, nunca foi chamado a qualquer dos jogos já efectuados; Ricardo Quaresma, considerado neste último ano como o melhor jogador português do campeonato nacional, não mereceu ao comanditário FILIPE honras de selecção A; o Futebol Clube do Porto foi sistematicamente ostracizado e nunca mereceu honras de observação directa daquele irrelevante seleccionador; isto, apesar deste clube ser o melhor clube português dos últimos trinta anos e o principal abastecedor das selecções nacionais.

SCOLARI foi um erro de casting de quem se permitiu reconhecer-lhe mérito para seleccionador nacional e é, hoje por hoje, uma aberração inaceitável que, a manter-se no lugar onde está, vai sair ainda muito mais cara aos portugueses. De CHEFES como este está o nosso País cheio e bem mais baratos.

Com este Seleccionador vamos ser capazes de passar as duas primeiras fases do próximo Campeonato do Mundo? Com a incompetência do CHEFE e os interesses comanditários que criou, permito-me ter sérias dúvidas. Mas gostaria de me enganar.

quarta-feira, abril 26, 2006

SAÚDE, uma questão de mentalidade

O acesso aos serviços de saúde é um dos direitos mais importantes da população portuguesa. Esse direito é garantido por três instrumentos fundamentais: pela Constituição da República, pela Lei do Serviço Nacional de Saúde e por todos os Sistemas e Subsistemas de Saúde vigentes em Portugal.

Na teoria os instrumentos normativos e as estruturas organizacionais são aceitáveis; são ajustados os conceitos; há Hospitais em número suficiente e os Centros de Saúde estão de um modo geral bem apetrechados; os recursos humanos são competentes e a tecnologia de ponta posta à disposição é globalmente adequada; a informação é, em geral, satisfatória e há razoáveis sistemas de informação; o sistema utiliza abundantes recursos financeiros.

Se o panorama da saúde em Portugal tem aquelas características e é teoricamente modelar, por que é que Serviço Nacional de Saúde não funciona bem no nosso país? Quaisquer que sejam os actores do sistema, a impressão que se tem é a de que ninguém se encontra satisfeito com o serviço prestado. Há expectativas goradas. Porquê?

Penso que as razões são profundas e estão para além da face visível dos problemas. As razões emanam da raiz cultural dos próprios actores, sejam eles políticos, prestadores ou consumidores dos serviços prestados. Há aqui um incontornável problema de mentalidade. Cultura cívica, sentido de responsabilidade, racionalidade e bom senso, ou se tem ou se não tem. A verdadeira raiz dos problemas do mau funcionamento do Serviço Nacional de Saúde português não andará por aqui?

Se assim é, e se se pretende mudar a má ideia que se tem do funcionamento dos serviços de saúde, haverá que apostar em três vertentes estratégicas fundamentais: na educação básica das futuras gerações; na formação contínua das gerações actuais; e na informação permanentemente adequada dos agentes do sistema.

A educação básica, entendida como desígnio nacional, pertence a todos nós defini-la enquanto cidadãos; a formação contínua é da conta dos próprios prestadores estabelecê-la; a informação permanente, sendo também da competência dos prestadores, tem que ser estruturada e correctamente orientada para os utentes do sistema.

Os recursos humanos da saúde poderão e deverão ser a mola real do desenvolvimento dos cuidados de saúde a prestar às populações. Os recursos humanos são, enquanto agentes activos, os verdadeiros fornecedores de cuidados; os cidadãos, enquanto agentes passivos, são os clientes finais do produto oferecido pelo sistema. Há aqui uma incontornável interdependência das partes.

Quantos profissionais de saúde há no País? São suficientes? Estão bem distribuídos? Onde estão? Que formação têm? O que fazem? São competentes, responsáveis, dedicados? Estão a ser avaliados? Aceitam a avaliação? Estarão verdadeiramente motivados? O que querem e esperam do Sistema Português de Saúde?

A resposta a estas questões é fundamental para se poder definir uma visão estratégica dos recursos humanos da saúde e mexer-se na estrutura comportamental existente. Trata-se dum trabalho de grande fôlego político que exigirá tempo, meios financeiros e gente capaz de, com coragem e capacidade de resistência, levar a bom porto esta tarefa de evidente interesse nacional. Haverá em Portugal políticos com coragem para isso?

quinta-feira, abril 13, 2006

QUE FAZER A ESTA CAMBADA?

A Assembleia da República teve que adiar no dia 12 de Abril a aprovação de alguns diplomas legislativos por falta de quórum de deputados. Dum total de 230 apenas estavam presentes 111, menos 5 do que os necessários para se proceder à votação de 8 propostas do Governo e de um protesto do CDS/PP. E o que é curioso é que, do número constitucional de 230 deputados, houve 198 deputados que assinaram o ponto. Há gente que mentiu, há deputados que assinaram e deram o tiro. Chama-se a isto fraude, senhores deputados...

Embora parecendo incrível, este comportamento é, infelizmente, habitual entre os legítimos representantes da nação. São useiros e vezeiros neste tipo de falcatruas, sempre que se vislumbra uma oportunidade de darem o saltito ao Algarve ou de fazerem umas mini férias no estrangeiro. Mandam às malvas quem neles politicamente votou e confiou, descaradamente esquecem as responsabilidades que prometeram assumir em campanha eleitoral e já investidos nos lugares para que foram eleitos.

Mas alguém de bom senso acredita que a maioria dos deputados portugueses está na Assembleia da República para trabalhar pelo País? Eles apenas estão lá como modo de vida; ser deputado significa, para uma boa parte deles, ter a garantia de um bom emprego durante anos e o direito a ter, bem cedo, uma reforma confortável para toda a vida.

Dos 198 deputados que assinaram o ponto de manhã houve 87 que, fazendo-se oficialmente presentes, estiveram ausentes na hora da votação. Deram de si e do Órgão de Soberania que representam um confrangedor exemplo de irresponsabilidade. Não cumpriram ostensivamente os seus deveres e mentiram sem escrúpulos ao País. É uma fraude o que fizeram.

Que fazer àquela cambada de 87 irresponsáveis? Em primeiro lugar denunciá-los publicamente pelo nome perante o País; e à falta de outra alternativa imediata, bani-los definitivamente do exercício de quaisquer funções políticas que decorram de futuros actos eleitorais. É o mínimo. É que ser-se político é ser-se em primeiro lugar sério. E aqueles senhores não foram.

quinta-feira, março 30, 2006

A DEPUTADA Dona COTA

O Partido Socialista Português entendeu dever criar legislação específica que obriga a Assembleia da República a ter pelo menos 33% de deputadas. Surpreende-me esta medida, vinda de quem vem. Então por que não as tem já? Por que razão não aplicou esta regra aos membros do actual Governo? E por que não o fez também nas empresas ou instituições de capitais públicos tipo Banco de Portugal, TAP, RTP, IEP, REFER ou Caixa Geral de Depósitos? Não teria sido interessante que, para o período que agora se iniciou, o Banco de Portugal tivesse, pela primeira vez, uma Dra. CONSTÃNCIA como Governadora?


Para entrar na política, precisará a mulher portuguesa de uma lei de favor que a obrigue a fazer política, goste ou não goste, tenha ou não tenha vontade de ser política? Então para que serve o mérito e a luta, em concorrência com outras mulheres e homens, pela conquista do seu lugar numa Empresa, numa Associação, num Tribunal ou numa Escola? Não foram já, em Portugal, as mulheres capazes de serem juízas, médicas, professoras, gestoras, empresárias, funcionárias públicas, polícias, pilotos, ministras e secretárias de Estado..., sem o apoio de qualquer tipo de cota? Não houve já uma Primeira-Ministra em que as alavancas utilizadas foram apenas a força da sua competência, a solidez do seu currículo e a firme vontade de, uma vez convidada, ser Primeira-Ministra de Portugal?


As mulheres portuguesas não querem situações de excepção; querem simplesmente ter as mesmas oportunidades que têm os homens, competindo com eles e com todas as mulheres, em igualdade de circunstâncias, sem favores nem discriminações.


Aquilo que o PS deseja fazer pelas mulheres é uma indignidade que as menoriza; trata-as como se fossem cotas de um qualquer mercado de valores mobiliários.
Isto é uma vergonha...!!!

PAÍS POBRE, GLUTÕES RICOS

Em Portugal é cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. Nunca, como agora, foi possível que no nosso País um pequeno número de pessoas detivesse a maioria da riqueza acumulada, em contraste com uma cada vez maior maioria de portugueses que, ou são pobres e remediados, ou, quando muito, pertencem às chamadas classes do tipo média-média ou do tipo média-baixa. E o problema é que a tendência que se tem vindo a verificar nos últimos anos em Portugal é para o gradual desaparecimento social daqueles que, em todas as sociedades de bem-estar, se constituem na mola real do desenvolvimento económico dos países. O número de portugueses que constitui a classe média tem vindo a diminuir, o número de pobres a aumentar e a riqueza acumulada a concentrar-se num número cada vez menor de portugueses

É, com efeito, escandaloso o fosso existente entre um pequeno número de privilegiados que tudo açambarcam, que tudo ganham, que tudo querem para si ou para os seus familiares e amigos, e aqueles que, sendo a maioria, lutam, trabalham e pouco ganham, nada tendo ou tendo cada vez menos. O nosso País precisa de um outro reequilíbrio socio-económico, com menos pobres, com uma classe média mais fortalecida e uma desconcentração equitativa da riqueza existente! Gostaria, neste contexto, de formular as seguintes perguntas: Por que é que os altos dirigentes das empresas e institutos de capitais públicos auferem vencimentos e regalias superiores aos que auferem os seus homólogos dos países mais ricos do mundo? Como se explica, por exemplo, que o Governador e Vice-Governadores do Banco de Portugal, ou os Administradores da Caixa Geral de Depósitos, tenham condições profissionais escandalosamente superiores às que têm os seus colegas Americanos e Europeus? Há algum País decente do mundo em que seja possível receber-se aposentações vitalícias multimilionárias, antes dos 65 anos, só pelo facto de se ter sido episodicamente administrador de uma instituição similar às que citei? Ninguém fica preocupado com a riqueza dissimulada de uma boa parte dos autarcas portugueses? Alguém conhece algum Presidente de Câmara português que, não tendo riqueza própria ao ser eleito, não seja hoje detentor de património e capital dissimulados muito acima daquilo que os seus rendimentos de autarca permitiriam legitimamente deter? E ninguém averigua isso

Não me incomodam os que, no sector privado, enriquecem por força do risco que assumiram e das mais valias que obtiveram do trabalho que promoveram e deram ao País; mas IRRITAM-ME aqueles que, sem escrúpulos, e sem que algum dia tenham arriscado um tostão do seu bolso, se permitiram, à custa dos portugueses que pagam impostos, organizar a obtenção indecorosa das suas próprias regalias profissionais e de reforma. Ninguém tem mão nisto?


sexta-feira, março 17, 2006

NERO E O INCÊNDIO DE ROMA

Numa conferência a que assisti a propósito do ANO MUNDIAL DOS DESERTOS E DA DESERTIFICAÇÃO veio à baila, no contexto dos temas tratados, o famigerado problema dos incêndios em Portugal. Foi dito pelo ilustre conferencista que esta praga se deve especialmente ao abandono das florestas por parte dos seus proprietários, do estado de degradação a que forçosamente chegam as mesmas e do crescente avolumar de massa combustível. Isso é verdade e estamos todos de acordo.

Mas na minha opinião a raiz do problema é outra, muito mais profunda e de natureza diferente. Há o lado comportamental de quem atiça os incêndios e a componente económica de quem os combate. Não tenhamos ilusões: o incêndio das florestas portuguesas é, de há uns anos para cá, um negócio rentável. Um negócio para quem ateia ou manda atear, uma boa oportunidade económica para quem os combate, um excelente tema de publicidade paga para a Comunicação Social que dele se ocupa. Os incêndios ganharam foros de referência nacional. Todos dão já por adquirido que há uma época oficial de incêndios. Não são os políticos os primeiros a falar dela?

Mas há aqui também um grave problema de cidadania, uma incrível falta de cultura cívica, uma alarmante falta de respeito pelo outro. O despeito, o ajuste de contas, o desleixo, a inconsciência ou o puro gozo maníaco-depressivo do incendiário são componentes patológicas que se perfilam como estando igualmente na origem do incêndio.

Como resolver isto? Só com uma mudança profunda de mentalidade. Ora isso demora anos, perpassa gerações. O que é que estivemos TODOS a fazer até agora? Que raio de educação foi dada aos portugueses durante as últimas décadas?

quinta-feira, março 09, 2006

O AMUO DUM VELHO SENADOR

Gostei da cerimónia de investidura do novo Presidente da República. Teve dignidade, estiveram bem os Órgãos de Soberania e os convidados de países estrangeiros honraram Portugal com a sua presença. Foi um dia de festa para o nosso País.

Impressionou-me positivamente a postura serena de um Presidente que parte e a força convincente de um Presidente que inicia funções. Cavaco Silva inspira confiança, garante credibilidade, transmite segurança e irradia a alegria tranquila de um Presidente que, gostando muito do seu País, quer estrategicamente trabalhar com todos os Portugueses. O seu discurso foi claro quanto ao plano de acção que traçou para o seu mandato. O novo Presidente fez apologia do mérito na escolha de pessoas que exerçam altos cargos públicos não eleitos, preconizou uma nova cultura de rigor e exigência, e definiu cinco grandes objectivos estratégicos para que o País possa ultrapassar as dificuldades com que se debate: Desenvolvimento económico; educação e qualificação dos recursos humanos; criação de um sistema de justiça prestigiado; garantia de sustentabilidade, a médio e longo prazo, do sistema de segurança social; e credibilização do sistema político português. Que melhor início poderia ter para um primeiro dia de mandato?

Num dia de festa em que foi patente o esforço de unidade nacional promovido pelo novo Chefe de Estado houve dois factos que destoaram: a irritabilidade dos partidos conservadores de esquerda, patente na indiferença com que participaram na cerimónia de posse do Presidente; e o amuo inesperado de Mário Soares. Se aos primeiros não há que dar importância, a Mário Soares nenhum democrata pode dispensar-se de o censurar pela deselegância de não ter cumprimentado pessoalmente o Presidente empossado. As especiais responsabilidades que contraiu no País e o respeito com que é olhado por todos os portugueses não lhe permitem ter comportamentos indignos. Ao não participar na cerimónia final de cumprimentos ao novo Chefe de Estado, Mário Soares desonrou o seu nome, deu mostras não democráticas de mau perder e, amuando, insultou os portugueses. Foi pena…

terça-feira, março 07, 2006

O INSÓLITO NUM BANCO DE NEGÓCIOS

Não acham incrível que um Banco que se diz moderno, ágil e desburocratizado, tenha enviado a um cliente uma carta, com data de Janeiro de 2006, proveniente do balcão de uma cidade do Minho, a comunicar-lhe o encerramento de uma conta que tinha já sido encerrada quatro anos atrás?

Enviada com aviso de recepção, não fosse a mesma ter desvio inconveniente, foi particularmente divertida a seguinte passagem da carta, que se passa a citar: Alertamos para o facto de a utilização indevida dos meios de pagamento ser susceptível de constituir acto ilícito civil e/ou criminal. Consequentemente não deixaremos de tirar todas as consequências legalmente previstas, em resultado da eventual não satisfação do nosso pedido de devolução dos aludidos meios de pagamento…

Para quem, por iniciativa própria, tinha encerrado a conta em 2002, com entrega total de tudo o que eram cheques não utilizados, cartões de crédito e cartões de débito, foi particularmente jocosa aquela oportuníssima chamada de atenção. Que bela foi a tirada e que admirável excelência é a deste banco de negócios! E ainda dizem que em Portugal os bancos são um modelo de funcionamento e o Estado um exemplo de burocracia!

Além de excessivamente burocratizado, está-se também na presença de um Banco que IRRITA por outros motivos: pela cegueira irracional dos negócios que prossegue, pela arrogância autista dos dirigentes que possui, pela impreparação gritante de parte dos funcionários que tem e pela subserviência confrangedora com que facilmente se comove perante quem se apresente como famoso ou com sinais exteriores de dinheiro abundante!

É assim que em Portugal funciona um irrelevante banco negócios…


quinta-feira, março 02, 2006

COISAS E LOISAS DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Nos idos de 2002 decidi enviar ao então candidato a Primeiro-Ministro algumas propostas de actuação concreta na área do Serviço Nacional de Saúde. Eram, entre outras, as seguintes: Introdução do conceito de hospitalização domiciliária, nas fases de pré e pós-internamento; Aplicação imediata do regime de instalação aos hospitais de média e grande dimensão, como forma de os ir preparando para a sua transformação em futuras entidades empresariais; Transformação gradual dos hospitais portugueses em empresas de capitais públicos, numa primeira fase, e empresas de capitais mistos, numa segunda; Admissão do princípio de que os grandes hospitais podem endogenamente dar origem a diversas unidades empresariais autónomas, geridas por um administrador delegado e tuteladas pelo Conselho de Administração da respectiva SGPS, de capitais públicos ou mistos; Os membros dos Conselhos de Administração, constituídos por gestores de mérito comprovado, devem ser sempre nomeados por uma tutela conjunta de Governo-Municípios, ou eleitos pelas Assembleias-Gerais; Os Centros de Saúde devem gradualmente transformar-se em Empresas Concelhias de Serviços de Saúde, geridas por Conselhos de Administração cujos membros sejam igualmente nomeados por uma tutela conjunta Governo-Municípios; Extinção pura e simples das actuais Administrações Regionais de Saúde, dada a sua inoperacionalidade, excesso de burocracia e custos inúteis de funcionamento; Criação, em cada empresa hospitalar e empresa concelhia de serviços de saúde, da figura do Provedor do Doente, a designar pelas Assembleias Municipais; Introdução de um cartão de saúde, com a história clínica do cidadão e a possibilidade de a mesma poder ser lida informaticamente por qualquer serviço prestador de cuidados de saúde; Constituição de equipas itinerantes de saúde, com capacidade de intervenção rápida junto das populações mais carecidas e isoladas; Aplicação permanente de um benchmarking da saúde, com divulgação obrigatória dos resultados comparativos; Alargamento do sistema de convenções aos clínicos e consultórios médicos que a ele queiram aderir; Revisão do sistema remuneratório dos profissionais de saúde e implantação gradual do regime de dedicação exclusiva em todas as empresas hospitalares e empresas concelhias de serviços de saúde; Aplicação gradual dos medicamentos genéricos...

Qualquer semelhança entre o que há cinco anos disse e a realidade de hoje é mera coincidência. Não gostei nada que se tivesse até agora passado uma boa parte do tempo político a rezingar-se com os médicos, a alterar-se o nome das coisas (que utilidade prática dos Hospitais EPE em vez dos Hospitais SA?), a chatear-se a ANF, a não se honrar os compromissos assumidos no âmbito das parcerias público-privadas e a ferir-se a expectativa legítima de cidadãos que pacientemente continuam à espera da construção prometida de novos hospitais. Que é feito da construção dos Hospitais de Loures, Cascais e Braga? Fico muito IRRITADO que nada diga sobre o assunto…Ter-se-á uma ideia dos custos económicos e sociais da não construção?

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

COm ADRIAANSE ou SEm ADRIAANSE?


Será o Senhor Co Adriaanse a pessoa indicada para treinar o Futebol Clube do Porto? Terá ele o perfil adequado a uma equipa que tem dominado durante as duas últimas décadas o futebol português? Nunca tendo ganho nada de relevante no seu País, terá aquele treinador consciência de que a equipa que agora dirige é uma das mais prestigiadas equipas europeias e mundiais?


IRRITA-ME dizê-lo mas penso que Co Adriaanse não tem perfil para treinar o FCP. Porquê? Porque não tem sabido ser um bom gestor dos recursos humanos que lhe puseram à disposição, dispensando uns, mal tratando e expulsando outros e ostracizando todos aqueles que emitam publicamente um juízo diferente da sua opinião; porque, ao fim de oito meses de convivência e treino diário, não conseguiu ter uma equipa consistente, organizada, confiante e vitoriosa; porque ainda não percebeu que a cultura dos portugueses e a mentalidade dos atletas que compõem a equipa que treina não é a cultura e a mentalidade do País que é o seu; porque não percebeu que os atletas que actuam em Portugal não podem ter, no Natal e Ano Novo, quinze dias de folgas totais; porque ainda não percebeu que os futebolistas do FCP têm que trabalhar duramente todos os dias, haja ou não haja festa, à semelhança do que acontece com maioria dos atletas europeus, especialmente ingleses; porque não conseguiu ganhar nenhum dos três jogos que já disputou em Portugal com o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal, nem se prevê que seja capaz de algum dia lhes ganhar, ou ganhar algum jogo que se revista de importância decisiva; porque é um homem de ideias fixas, arrogante, telhudo e incapaz de entender o mundo desportivo que o rodeia, o Senhor Co Adriaanse não é o homem certo no clube certo.


Custa entender que um jogador com a qualidade de Diego não faça parte das convocatórias habituais duma equipa cujo meio campo se encontra órfão de um organizador nato; não se percebe por que é que um jovem jogador, como é o Anderson, tenha vindo para Portugal rotulado de reforço de Inverno, e ande inexplicavelmente a vegetar por um torneio menor, sem prestígio, fisicamente perigoso e porventura inibidor da formação de um jovem e de um grande jogador ao serviço do FCP. Melhor teria sido que o tivessem deixado progredir no clube brasileiro onde jogava com regularidade, marcava golos, dava espectáculo e atraía multidões.


Poderão dizer-me que o Futebol Clube do Porto até vai à frente no principal campeonato português; é verdade que ainda vai. Mas a Champions League já foi; o Campeonato está em vias de ir; e a Taça de Portugal dificilmente não irá também.


IRRITA-ME Senhor Co Adriannse ter que lhe dizer que só tem dois caminhos a seguir: ou deixa de inventar e organiza de vez uma equipa consistentemente ganhadora; ou não é capaz e o caminho que tem à sua frente não pode passar mais pelo Futebol Clube do Porto. Decida-se.


segunda-feira, fevereiro 20, 2006

CHAIRMAN e CEO

O dia 9 de Março de 2006 vai marcar o início de um novo período político da sociedade portuguesa: Cavaco Silva e José Sócrates vão ser, respectivamente, o Chairman e o Chief Executive Officer de todos os portugueses. Durante os próximos dez anos serão estes dois homens que vão ter os destinos de uma grande empresa chamada Portugal. Se um vai definir a visão e os grandes objectivos estratégicos de Portugal, o outro vai conceber, planear e, especialmente, executar os planos, programas e orçamentos da Empresa de que ambos passarão a ser os primeiros responsáveis.
Os partidos de que são oriundos passarão a ser por eles condicionados e não o contrário. O PS e o PSD passarão a ser apenas os símbolos de um poder e não o poder. Vai dar-se como que um acordo tácito de não ingerência nos poderes do Chairman Cavaco Silva e dos poderes do CEO José Sócrates. A crise obriga, os portugueses desejam-no, o futuro do País o impõe. O voto de confiança dos portugueses é hoje inequivocamente para estes dois Homens de Estado. É o seu tempo. Não é, por muito tempo, o tempo dos partidos políticos...!!!

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

CORTE DE GASTOS INÚTEIS

Segundo o PÚBLICO do passado dia 28 de Janeiro o Presidente da Bolívia, Evo Morales, decidiu, numa atitude de reequilíbrio das finanças públicas do seu País, diminuir em mais de 50% o seu próprio vencimento. Decidiu também que idêntica medida fosse aplicada a todos os ALTOS FUNCIONÁRIOS do Estado e a todos aqueles que, duma forma ou doutra, estivessem a ser pagos por dinheiros de origem pública. Segundo ele , esta seria uma das primeiras medidas de austeridade que decidia tomar, para que assim começasse a sobrar dinheiro para assuntos de claro interesse nacional como são, por exemplo, os assuntos relacionados com a educação e a saúde de todos os bolivianos.
E se uma medida destas fosse aplicada a Portugal? Na prática já está em parte a ser, dado que o poder de compra de todos os funcionários diminuíu em mais de 7% desde os últimos seis ou sete anos.
Mas há medidas concretas que, se aplicadas imediatamente, bem poderiam contribuir para a redução do défice público português. Eis, a título de exemplo, algumas, muito simples: redução do número de Membros do Governo para metade dos que há hoje; redução para um terço do número actualmente existente de Chefes de Gabinete, Assessores, Adjuntos, Consultores e Secretárias pessoais que, atropelando-se uns aos outros, enxameiam os diversos Gabinetes Governamentais; redução do número de Comissões de Apoio e do número de Pareceres inutilmente pedidos a Jurisconsultos e outros Auditores Externos; redução em 50% do número de viagens ao estrangeiro do Senhor Presidente da República, dos Deputados e dos Membros do Governo e Pessoal de Apoio, reservando-se as deslocações oficiais às de inequívoco interesse nacional; proibição, por um período de 5 anos, de compra de novos automóveis e redução da frota que se encontra ao serviço dos membros do Goveno e do seu staff de apoio...
Que acham destas medidas? Mas há mais, muito mais que me IRRITA não dizer por ora...Prometo voltar ao assunto.
HÁ SEMPRE VIAGENS PARA ALÉM DO DÉFICE

Tenho que ser franco; IRRITA-ME que o Senhor Presidente da República passe a vida a passear-se por tudo o que é mundo. Ele é o Japão, ele é a América, ele é a Espanha, ele é a Polónia, ele é o Brasil, ele é Macau, ele é agora também Timor Leste. Para quê? Que frenesim ...!!! Só lhe falta ainda, como fez o seu antecessor, passear-se encavalitado numa qualquer tartaruga gigante, algures numa ilha longínqua..!!!
Para quem tanto prega que o País vive uma situação de aperto financeiro, para quê tanta viagem? Quanto é que elas custaram ao depauperado Orçamento do Estado? Seria interessante que os Portugueses conhecessem quanto gastou o Senhor Presidente da República nos seus dois mandatos só com viagens oficiais. Mais interessante seria ainda conhecer que benefícios concretos advieram para o País dessas mesmas viagens.
Dizem que não há dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a Justiça; dizem que a Segurança Social está prestes a falir. Se é assim por que continua o Senhor Presidente da República cessante a viajar-se "à grande e à francesa", a pouco mais de quinze de dias do fim do seu mandato?
IRRITA-me tanta falta de senso comum...!!!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

SINDICATOS E SINDICATOS


Ao ler hoje uma das páginas do relatório que, no já longíquo ano de 1987, tive de elaborar como resultado de uma bolsa de estudos que então me foi concedida pelo Conselho da Europa, não resisto à tentação de, quase vinte anos depois e a propósito do papel dos Sindicatos da Suíça, citar o que então escrevi:

"Na Suíça há Sindicatos praticamente para todas as profissões. Ao contrário do que acontece em muitos países, aqui os Sindicatos não se limitam a obter vantagens a favor dos seus associados, mas esforçam-se igualmente, numa atitude de equilíbrio consciente, por preservar e lutar pelo interesse económico colectivo quer dos sindicalizados, quer da empresa, quer do País. Graças a esta política sindical, de resto compreensivelmente aplicada pelos próprios trabalhadores, na Suíça praticamente não há greves ou têm sido muito raras...".

No nosso País a consciência colectiva de Sindicatos, Empregadores e Empregados tem sido IRRITANTEMENTE outra: cada um trata de si e dos interesses estabelecidos; que importa o País?!!!
SOVIETES SUPREMOS E PARTIDOS

Quem estiver atento ao que se passa nos Partidos verificará facilmente que há uma IRRITANTE falta de qualidade dos seus quadros dirigentes. A maioria exerce essa função como primeira e exclusiva forma de vida: apenas sabe o que é o Partido, a forma de o usar e o que ele representa para segurança definitiva da sua própria carreira profissional, e da dos seus familiares e amigos. O Partido é a sua extrema vocação e profissão. Amam-no em exclusivo e por exclusão de partes.
IRRITA-ME que grande parte dos dirigentes não saibam o que é a vida real, não tenham chefiado um serviço, dirigido uma instituição ou criado uma empresa. Parasitam na sociedade que querem dirigir e modificar, sem conhecerem o risco; são em geral bem falantes e falam de tudo, falam muito e a toda a hora; arrogam-se duma espécie de direito consuetudinário que não pode ser posto em causa por ninguém. Quem o tentar é irremediavelmente ostracizado.
O problema grave é que não há pessoas diferentes que ousem enfrentar a situação. E compreende-se que não haja. Enquanto se mantiver o domínio dos sindicatos de votos que intencionalmente se foram organizando ao longo dos tempos, a actual nomenclatura reinante estará para dar e durar. É difícil saber como será possível acabar com esta espécie de sovietes supremos que, minando a pureza dos alicerces morais dos Partidos democráticos, se vão perpetuando no poder, sem fim à vista.
Será possível fazer uma revolução democrática? Mas que tipo de revolução? Por quem? Com quem?
A JUSTIÇA RESPEITA O CIDADÃO?

Fui notificado por um Tribunal para comparecer às 09:30 horas da manhã de hoje para, como testemunha a favor do Estado, prestar declarações em audiência de julgamento, num processo crime por abuso de confiança fiscal. Às 12:30 horas, isto é, três horas depois de ter sido confirmada a minha presença física no Tribunal, foi-me dito, como às restantes testemunhas abonatórias do Estado, que já não prestaria declarações na hora e data previstas, mas uma semana depois. Não acham que isto é IRRITANTE?
Por que razão se não dignou o Senhor Juiz do processo informar-me antes das 12:30 horas? Que razão leva um Juiz a convocar 4 testemunhas dum processo para a mesma hora, sabendo perfeitamente que as declarações vão ser feitas em horas diferentes? O que diria o mesmo Juíz se, como doente dum consultório médico, tivesse, com outros 4 doentes, uma consulta médica para a mesma hora, sendo informado, três horas depois, de que a mesma se adiaria, sem nenhuma justificação , para uma semana mais tarde? Não ficaria o mesmo Juiz IRRITADO? Eu ficava, e no caso dele mudava de médico. A diferença é que não posso mudar de Juiz...!!!