UM PAÍS DE VERBORREIA LEGISLATIVA
Se o grau de desenvolvimento de um País pudesse ser medido pela quantidade e qualidade de leis publicadas, Portugal seria um País rico e estaria colocado num dos primeiros lugares de um qualquer “ranking” internacional. Leis, decretos-lei, decretos, decretos-regulamentares, regulamentos, diplomas orgânicos, despachos ministeriais, decisões e resoluções do Conselho de Ministros, pareceres, contra-pareceres…, tudo isso prolifera com abundância pelas repartições públicas do nosso País. Para quê? Para nada. Portugal, porventura, fica mais desenvolvido com isso? Com tanto arrazoado será que economia cresce, o défice diminui, as contas públicas endireitam, o orçamento de estado reequilibra, o desemprego baixa, a classe média aumenta, o número de pobres diminui, o nível cultural cresce, a cultura cívica dos cidadãos melhora, a auto estima sobe? Penso que não.
Para que serve e a quem serve afinal toda esta pletora legislativa de que tanto se ocupam os nossos políticos? Para justificação de si próprios e alimento fútil da enormidade do seu ego; para protecção profissional de uma imensa multidão de burocratas inúteis que grassam, aos atropelos, por esse País fora. Se não houvesse tantas leis que seria feito dos nossos deputados e ministros, dos juízes e magistrados, dos advogados e solicitadores, dos notários e conservadores, e de toda uma turba de juristas e licenciados em Direito que por aí vão medrando à custa de uma pequena percentagem de portugueses, daqueles que, de facto, produzem e lhes vão dando de comer a todos eles?
Ele é leis contra a corrupção, ele é leis contra os fumadores, ele é leis a favor do aborto livre, ele é leis a favor das quotas das mulheres, ele é leis contra a exclusão social, enfim ele é leis para tudo. E o problema é que as leis são leis que sistematicamente revogam leis, que por sua vez já revogaram outras leis, e estas, outras tantas até ao infinito. Isto, por incrível que pareça, é uma roda que nunca pára. Atingiu-se o cúmulo de uma paranóia colectiva.
De uma vez por todas senhores deputados, senhores ministros. Parem para pensar. Diminuam a quantidade de leis que existem, simplifiquem-nas, façam-nas exequíveis e entendíveis pelos portugueses. E sabem que mais? Comecem pela própria Constituição da República, rasguem-na e produzam outra nova, mais simples e ajustada aos tempos de hoje. Mas atenção; não se socorram dos seus "donos". Esqueçam-nos de vez. Autistas como estão, os doutos constitucionalistas já não enxergam que a actual Constituição, tal qual está, já só serve para atrapalhar os portugueses e atrasá-los irremediavelmente.