No nosso País há por aí senhoras queque aos montes. Estão em toda a parte: no carro, no cabeleireiro, no supermercado, na farmácia, no restaurante, na praia, na piscina, no avião, no hotel, no casino, no jet-set, nos convívios sociais. Sem respeito pelos outros, e julgando-se com prioridade sobre tudo e sobre todos, vêem-se facilmente na forma prepotente como, na estrada, conduzem o seu automóvel. Gastando tempo de mais com o empregado que as atende, observam-se à vista desarmada nas farmácias a falar em alta voz para que todos a vejam. Coscuvilhando a vida de pessoas ausentes, nos cabeleireiros assumem-se sempre como modelo de virtudes, sem respeito pelas que, ao seu lado, não têm já paciência para os disparates que aquelas senhoras repetidamente produzem. Na praia passam o tempo a gritar pelos filhos, ralham, deitam lixo para a areia, permitem que os garotos aí joguem à bola, desprezam quem passa, atropelam quem tranquilamente faz questão de fruir dos benefícios de um banho de sol relaxante.
Uma senhora queque não aguarda pela sua vez nas filas de espera; ultrapassa-as, sempre que pode, nas caixas do supermercado, nas filas do check-in do aeroporto, na fila de espera de uma repartição pública, no check-out de uma unidade hoteleira. Uma senhora queque age como se tivesse sempre a primazia nos cruzamentos, raramente dá prioridade de passagem a quem a tem. Uma senhora queque estaciona o carro em qualquer sítio, onde calha, mesmo que isso implique estar em frente de uma garagem ou a impedir a mobilidade de um outro condutor. Uma senhora queque deixa sempre o carrinho das compras do supermercado abandonado na rua ou no passeio, à espera que outros o ponham no lugar que é o seu. Uma senhora queque nunca recolhe os dejectos que o seu cãozinho de estimação depositou no jardim, na rua, no passeio do prédio ou na própria entrada de um restaurante ou café.
As senhoras queque irritam pelo que são, pelo que não são e fingem ser, pelo atropelo sistemático das boas normas de cortesia, pela violação reprovável das regras de uma cidadania solidária. Como disse, as senhoras queque são frívolas, sonsas, dissimuladas, afectadas e, como diz o povo, burras incorrigíveis. Como não têm emenda temos que as aceitar como são, procurando com muita paciência saber conviver com elas.