Em Portugal é cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. Nunca, como agora, foi possível que no nosso País um pequeno número de pessoas detivesse a maioria da riqueza acumulada, em contraste com uma cada vez maior maioria de portugueses que, ou são pobres e remediados, ou, quando muito, pertencem às chamadas classes do tipo média-média ou do tipo média-baixa. E o problema é que a tendência que se tem vindo a verificar nos últimos anos em Portugal é para o gradual desaparecimento social daqueles que, em todas as sociedades de bem-estar, se constituem na mola real do desenvolvimento económico dos países. O número de portugueses que constitui a classe média tem vindo a diminuir, o número de pobres a aumentar e a riqueza acumulada a concentrar-se num número cada vez menor de portugueses
É, com efeito, escandaloso o fosso existente entre um pequeno número de privilegiados que tudo açambarcam, que tudo ganham, que tudo querem para si ou para os seus familiares e amigos, e aqueles que, sendo a maioria, lutam, trabalham e pouco ganham, nada tendo ou tendo cada vez menos. O nosso País precisa de um outro reequilíbrio socio-económico, com menos pobres, com uma classe média mais fortalecida e uma desconcentração equitativa da riqueza existente! Gostaria, neste contexto, de formular as seguintes perguntas: Por que é que os altos dirigentes das empresas e institutos de capitais públicos auferem vencimentos e regalias superiores aos que auferem os seus homólogos dos países mais ricos do mundo? Como se explica, por exemplo, que o Governador e Vice-Governadores do Banco de Portugal, ou os Administradores da Caixa Geral de Depósitos, tenham condições profissionais escandalosamente superiores às que têm os seus colegas Americanos e Europeus? Há algum País decente do mundo em que seja possível receber-se aposentações vitalícias multimilionárias, antes dos 65 anos, só pelo facto de se ter sido episodicamente administrador de uma instituição similar às que citei? Ninguém fica preocupado com a riqueza dissimulada de uma boa parte dos autarcas portugueses? Alguém conhece algum Presidente de Câmara português que, não tendo riqueza própria ao ser eleito, não seja hoje detentor de património e capital dissimulados muito acima daquilo que os seus rendimentos de autarca permitiriam legitimamente deter? E ninguém averigua isso
Não me incomodam os que, no sector privado, enriquecem por força do risco que assumiram e das mais valias que obtiveram do trabalho que promoveram e deram ao País; mas IRRITAM-ME aqueles que, sem escrúpulos, e sem que algum dia tenham arriscado um tostão do seu bolso, se permitiram, à custa dos portugueses que pagam impostos, organizar a obtenção indecorosa das suas próprias regalias profissionais e de reforma. Ninguém tem mão nisto?
Sem comentários:
Enviar um comentário