terça-feira, abril 17, 2007


JOSÉ SÓCRATES DEVE, OBVIAMENTE, DEMITIR-SE


Já não consigo olhar de frente para José Sócrates. Sempre que o vejo na televisão assaltam-me dúvidas imensas acerca da autenticidade dum homem que um dia conseguiu ser Primeiro-ministro de Portugal. Ao vê-lo hoje em Marrocos fiquei, tenho que ser franco, arrepiado. Não consegui desligá-lo das mentiras públicas em que se envolveu antes de ser Primeiro-ministro e depois de o ser.

Utilizou truques para se promover socialmente através da sua carreira académica e prometeu, irresponsavelmente, aos portugueses aquilo que não podia ter prometido para ganhar eleições. Há no seu comportamento uma trapalhada de aldrabices que o não recomendam para o cargo de Primeiro-ministro do meu País. A forma, combinada, como conseguiu obter a classificação de 15 valores na cadeira de Inglês Técnico foi de bradar aos céus. Este homem, por se ter socorrido de repetidas falcatruas, deixou de ser credível. Digo isto com profunda frustração. Sinto-me envergonhado.

José Sócrates deve demitir-se, ou ser demitido. Por muito menos do que aquilo que ele fez houve Presidentes e grandes estadistas que tiveram de resignar. Há, como se vê pela sua história pessoal e política, mais do que um WATERGATE na conduta daquele senhor. Este homem não tem condições políticas para governar o meu País e para representá-lo, com dignidade, no contexto das relações internacionais. Sócrates não tem condições para presidir ao Conselho Europeu no segundo semestre de 2007.

O Partido Socialista e o Senhor Presidente da República têm que assumir as suas responsabilidades. A legislatura deve ser continuada até ao fim pela actual maioria parlamentar. Mas com outro Primeiro-ministro. Acabe-se com este calvário. O País exige-o.

quinta-feira, abril 12, 2007



SALPICOS DE UMA ENTREVISTA MAL ENGENDRADA


A entrevista que o licenciado José Sócrates concedeu, ontem noite, à RTP, não me convenceu. Pecou, desde logo, por ter sido feita na televisão pública, exactamente na estação que o próprio Primeiro-ministro tutela, e por jornalistas que, por via disso, se encontravam subconscientemente condicionados. Uma entrevista desta natureza só deveria ter sido feita numa das estações privadas e pelos próprios jornalistas que estiveram na génese dos factos que lhe deram origem. Como tudo teria sido diferente se esta entrevista tivesse sido feita pelos jornalistas do Público, Expresso e Rádio Renascença, ainda que na televisão pública!!!

O exercício do contraditório teria sido, de resto, a melhor forma de o Primeiro-ministro se defender das acusações de que fora alvo. José Alberto Carvalho e Maria Flor Pedroso, porque não conheciam a fundo o problema, nunca conseguiram encontrar o rumo certo, revelaram desfasamento e preparação insuficiente, mais parecendo ter necessidade de fazerem o frete ao Governante em dificuldades do que contribuírem para o cabal esclarecimento dos portugueses. Foi pena.

Ressaltam da entrevista algumas ideias-chave, que urgiria clarificar melhor. Ei-las, dentre outras: José Sócrates permitiu-se utilizar indevidamente, anos a fio, o título de Engenheiro sem que para isso estivesse devidamente habilitado; não ficou claro como foram obtidas as equivalências e se as mesmas foram objecto de rigoroso escrutínio pelo Conselho Científico da Universidade; não se compreende por que houve apenas um professor para quatro disciplinas, e o próprio reitor para a cadeira de Inglês Técnico, à revelia do professor desta cadeira; é esquisito que o aluno José Sócrates tenha obtido o direito às equivalências sem apresentação prévia, junto dos serviços competentes, do certificado das cadeiras que terá feito nos Estabelecimentos de Ensino onde foram ministradas; não se sabe como foram dadas as aulas práticas das cinco disciplinas que este aluno diz ter feito na Universidade Independente; ignora-se o que têm a dizer acerca desta embrulhada os colegas do aluno José Sócrates bem como os professores, Conselho Científico e pessoal da secretaria da Universidade; seria interessante conhecer a opinião da Ordem dos Engenheiros acerca do nível técnico-científico desta licenciatura.

José António Verdade é um profissional de contabilidade muito competente, reconhecido no meio e com uma excelente carteira de clientes. Com a sua vida profissional perfeitamente estabilizada, José António acalenta hoje o sonho de ingressar na Faculdade de Economia de uma das Universidades Portuguesas, para aí tirar a licenciatura em Economia. Depois de conhecer a história universitária do Primeiro-ministro José Sócrates ficou tranquilo. Espera, sem apresentação prévia do certificado do curso que possui por um Instituto Superior de Contabilidade, que a Faculdade de Economia lhe aceite as indicações verbais que vai proporcionar, lhe faça um plano de equivalências e lhe indique as cadeiras que terá de frequentar para concluir a sua tão desejada Licenciatura em Economia. Será que vai ter sucesso?

terça-feira, abril 10, 2007


O MORALISTA-MOR DO REINO


Incomoda-me ouvir, quase todos os dias, o Senhor Luís Filipe Vieira. Fala muito, em toda a parte, de tudo e de todos, contra tudo e contra todos. Quem o ouve e não conheça o seu passado recente fica com a ideia de que se trata dum homem íntegro, acima de qualquer suspeita, tantas são as conversas que faz em torno das virtudes públicas de que se diz ser praticamente o único portador. Tudo em nome do seu Benfica, do clube que ele, para risota de toda a gente, diz ser o maior clube do mundo.

Fora do desporto ignoro o que seja o seu passado de cidadão e de empresário. Pelo dinheiro que parece ter, pelos sinais exteriores de riqueza de que dá mostras é, certamente, um dos homens ricos da sociedade portuguesa. Não tenho elementos nem me sinto com competência para ajuizar sobre se a riqueza que detém é obra de um trabalho sério. Admito que sim.

Não posso dizer o mesmo no que toca ao seu comportamento como Presidente do Sport Lisboa e Benfica. A postura deste Senhor tem sido inqualificável; o seu comportamento público grassa, por norma, a boçalidade, não é sério e é indigno da instituição desportiva que representa. Julgando-se ser dono absoluto da verdade insinua que o Benfica só não ganhou mais vezes nos últimos anos porque os árbitros não deixaram; que o Benfica tem sido sempre prejudicado e que os clubes rivais sistematicamente favorecidos, especialmente o Futebol Clube do Porto. Nunca fala das vezes em que o seu clube é despudoramente protegido, esquece sempre as vezes em que os clubes rivais são descaradamente prejudicados. O seu comportamento, próprio de um songamonga, não prestigia o clube que nele depositou confiança.

Na história do futebol português são três os clubes de referência nacional: Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto. Cada um teve o seu período de hegemonia. Ninguém esquece os anos de ouro dos cinco violinos do Sporting, ninguém contesta o poderio encarnando dos anos de Eusébio, ninguém deve por em dúvida a força do Futebol Clube do Porto das últimas três décadas. Ninguém, excepto o inefável Luís Filipe Vieira. Esse, detentor de todas as virtudes e moralista-mor do fenómeno desportivo do nosso País, acha que o Futebol Clube do Porto raramente ganhou com mérito no campo de jogo, entende que a sua força desportiva apenas se tem devido à decisiva influência que tem sabido exercer sobre os árbitros de futebol. Ao falar assim omite deliberadamente os êxitos internacionais deste clube; ao fazer aquelas insinuações ignora que, no mesmo período de três décadas, o FCP foi por duas vezes campeão europeu, uma vez finalista vencedor da Taça UEFA, uma vez finalista vencido desta última Taça, duas vezes Campeão da Taça Intercontinental, uma vez vencedor da Super-Taça Europeia e uma outra vez finalista vencido desta mesma última Taça. Tal como o Benfica o foi no passado longínquo dos anos sessenta, o Futebol Clube do Porto é, de há trinta anos a esta parte, o principal baluarte do desporto nacional, bem como a grande referência mundial do futebol português. Por muito que isso custe àquele indizível senhor.

sexta-feira, abril 06, 2007

O LICENCIADO JOSÉ SÓCRATES


A posse de um grau universitário não é condição indispensável para se ser Primeiro Ministro dum País. Há exemplos de sobra, por esse mundo fora, de grandes figuras políticas que marcaram positivamente a história do povo que dirigiram, sem que isso tivesse a ver com a posse de um qualquer título de natureza universitária. Não me impressiona, por isso, que o Primeiro-ministro de Portugal não tenha um curso superior, seja um simples engenheiro técnico de engenharia civil ou um engenheiro civil no sentido rigoroso da palavra, ou, ainda, que tenha obtido, em fase avançada da sua vida, a simples licenciatura em Engenharia Civil. Isso é-me absolutamente indiferente. Coisa distinta é saber se, neste processo, há mentiras ou se há aspectos menos claros de permeio.

Há, na caso das habilitações de José Sócrates, algumas coisas que não soam, de facto, bem. É já muita a poeira que paira sobre o assunto; são muitas as dúvidas acerca das habilitações universitárias desta alta figura do Estado, e da forma como obteve algumas delas. Não deixa de ser esquisito o processo recente de obtenção da licenciatura em Engenharia Civil através da Universidade Independente. Pelo que tem vindo a público nem tudo parece bater certo.

Diga-me, por isso, senhor Primeiro Ministro, e de uma vez por todas: é apenas Engenheiro Técnico de Engenharia Civil, ou é também Engenheiro Civil? Se é Engenheiro Civil por que razão não está ainda inscrito na Ordem dos Engenheiros? Se é só Bacharel por que se permitiu, ao longo da sua carreira política, que o tratassem sempre por Senhor Engenheiro?

Por que sentiu a necessidade serôdia de obter a licenciatura em Engenharia Civil? Por que escolheu, para o efeito, a Universidade Independente? Por aí ser mais fácil obter o grau académico que pretendia? É capaz de nos mostrar o plano de estudos da licenciatura que afirma ter obtido naquela Universidade, o grau de assiduidade, a relação dos professores, as notas de cada disciplina e a nota final do curso de que diz ser licenciado? Qual foi a última disciplina do curso, em que data fez o respectivo exame, com que nota e com que professor? Sendo agora, como afirma, licenciado em Engenharia Civil quando é que tenciona inscrever-se na Ordem dos Engenheiros? Ou ainda não tem condições para isso?

Como cidadão tenho o direito que me dissipe as dúvidas que lhe pus; como Primeiro Ministro o senhor só tem vantagens em que tudo fique definitivamente clarificado. Está em causa a honra do cidadão José Sócrates; está em causa a seriedade política do Primeiro-ministro de Portugal.