MALACA, REDUTO DE UMA PRESENÇA PERDIDA NO TEMPO
Depois de, nestas páginas, me referir à Malásia e ao orgulho de a ter visitado, mal parecia não tecer também algumas impressões acerca de Malaca, do que foi no passado, do que é hoje e do que representou para Portugal no contexto da gesta descobridora do século XVI.
MALACA é um dos estados mais pequenos do conjunto de estados e sultanatos que compõem o actual Estado da Malásia. Situado na parte meridional da Península Malaia e com uma população de 760 000 habitantes, Malaca já foi um sultanato durante séculos governado por um Sultão, mas hoje é um dos 4 estados que se encontram a ser politicamente administrados por um Governador oriundo de eleições livres. Integrante de uma Monarquia Constitucional, Malaca não sendo, como disse, nos tempos que correm, o reino de um só Sultão, é o Estado de um Governador eleito por períodos de quatros anos.
Principal ponto de passagem marítimo entre os oceanos Índico e Pacífico, polo estratégico de uma região onde se cruzavam actividades comerciais provenientes das regiões mais prósperas daquela parcela do mundo, Malaca foi sempre, desde tempos remotos, muito cobiçada por reis, sultões, militares e comerciantes. Fundada por Parameswara no ano de 1400, Malaca cedo se transformou num grande porto comercial e depressa passou a ser um dos pontos de referência de um Sultanato próspero, que se permitia dominar toda a região e atrair a si o grande comércio mundial da época. No auge da sua pujança económica Malaca era, na verdade, um sultanato poderoso que controlava todo o sul da Península Malaia, grande parte da Ilha de Sumatra e todo o comércio que, proveniente do oriente e do ocidente, cruzava obrigatoriamente aquele incontornável entreposto comercial do mundo de então.
Não foi surpresa, por isso, que Afonso de Albuquerque desde cedo se apercebesse da importância estratégica de Malaca e a conquistasse para o Reino de Portugal no dia 1 de Julho do ano de 1511, permanecendo portuguesa até 1641. A partir desta data, e até 1795, foi dominada pelos Holandeses que, por sua vez, a cederam pelo tratado Anglo-Neerlandês à Coroa Britânica em 1824. Parte territorial daquela Coroa, controlada e gerida pela Companhia Britânica das Índias Orientais, assim se manteve até à proclamação da Independência da Malásia em 1957, a cujo novo País começou definitivamente a fazer parte integrante.
As poucas horas que passei em Malaca deram facilmente para perceber, quinhentos anos depois da sua conquista por Diogo Lopes Sequeira e Afonso de Albuquerque, que houve portugueses que passaram por lá e que por lá permaneceram durante 130 anos. A primeira presença portuguesa ocorreu no dia 11 de Setembro de 1500 através do navegador Diogo Lopes Sequeira. A sua conquista efectiva para a Coroa portuguesa de D. Manuel I foi operada por Afonso de Albuquerque onze anos depois, exactamente no dia 1 de Julho de 1511.
São hoje claros os vestígios da presença portuguesa. Desde logo por haver quem ainda naquele local entenda o português; por ainda haver quem seja capaz de soletrar a nossa língua; por ainda haver quem utilize a culinária do nosso País; por ainda haver quem dedilhe a guitarra e cante o folclore de Portugal; por ainda haver quem comemore as festas dos santos populares; por ainda haver quem adopte nomes de origem portuguesa para os seus restaurantes, para as ruas da sua cidade, para os nomes e apelidos das pessoas que constituem a sua própria comunidade. Parece impossível mas tudo isso é ainda hoje verdade, várias dezenas de gerações depois da primeira presença de portugueses naquela região da Ásia oriental. Tudo isso eu vi, tudo isso eu senti quando lá estive há duas semanas atrás. Falei em português e fui compreendido; escrevi em português e fui percebido; corrigi frases mal escritas de um português com erros e as pessoas agradeceram. Foram duas horas de um diálogo intenso que emocionou, dum diálogo que nunca mais vou esquecer. Como vou recordar para sempre aquele malaio de tez escura, simpático, poliglota, amável, comovido e ainda com a esperança vaga de um dia poder ver com os seus próprios olhos o chão de uma pátria que remotamente o predestinou para ser agora um malaio de origem portuguesa!!! Se eu fosse um homem rico ter-lhe-ia proporcionado esse seu desejo comovedor….Que dirão a isto os políticos que hoje governam Portugal? Nada.
MALACA é um dos estados mais pequenos do conjunto de estados e sultanatos que compõem o actual Estado da Malásia. Situado na parte meridional da Península Malaia e com uma população de 760 000 habitantes, Malaca já foi um sultanato durante séculos governado por um Sultão, mas hoje é um dos 4 estados que se encontram a ser politicamente administrados por um Governador oriundo de eleições livres. Integrante de uma Monarquia Constitucional, Malaca não sendo, como disse, nos tempos que correm, o reino de um só Sultão, é o Estado de um Governador eleito por períodos de quatros anos.
Principal ponto de passagem marítimo entre os oceanos Índico e Pacífico, polo estratégico de uma região onde se cruzavam actividades comerciais provenientes das regiões mais prósperas daquela parcela do mundo, Malaca foi sempre, desde tempos remotos, muito cobiçada por reis, sultões, militares e comerciantes. Fundada por Parameswara no ano de 1400, Malaca cedo se transformou num grande porto comercial e depressa passou a ser um dos pontos de referência de um Sultanato próspero, que se permitia dominar toda a região e atrair a si o grande comércio mundial da época. No auge da sua pujança económica Malaca era, na verdade, um sultanato poderoso que controlava todo o sul da Península Malaia, grande parte da Ilha de Sumatra e todo o comércio que, proveniente do oriente e do ocidente, cruzava obrigatoriamente aquele incontornável entreposto comercial do mundo de então.
Não foi surpresa, por isso, que Afonso de Albuquerque desde cedo se apercebesse da importância estratégica de Malaca e a conquistasse para o Reino de Portugal no dia 1 de Julho do ano de 1511, permanecendo portuguesa até 1641. A partir desta data, e até 1795, foi dominada pelos Holandeses que, por sua vez, a cederam pelo tratado Anglo-Neerlandês à Coroa Britânica em 1824. Parte territorial daquela Coroa, controlada e gerida pela Companhia Britânica das Índias Orientais, assim se manteve até à proclamação da Independência da Malásia em 1957, a cujo novo País começou definitivamente a fazer parte integrante.
As poucas horas que passei em Malaca deram facilmente para perceber, quinhentos anos depois da sua conquista por Diogo Lopes Sequeira e Afonso de Albuquerque, que houve portugueses que passaram por lá e que por lá permaneceram durante 130 anos. A primeira presença portuguesa ocorreu no dia 11 de Setembro de 1500 através do navegador Diogo Lopes Sequeira. A sua conquista efectiva para a Coroa portuguesa de D. Manuel I foi operada por Afonso de Albuquerque onze anos depois, exactamente no dia 1 de Julho de 1511.
São hoje claros os vestígios da presença portuguesa. Desde logo por haver quem ainda naquele local entenda o português; por ainda haver quem seja capaz de soletrar a nossa língua; por ainda haver quem utilize a culinária do nosso País; por ainda haver quem dedilhe a guitarra e cante o folclore de Portugal; por ainda haver quem comemore as festas dos santos populares; por ainda haver quem adopte nomes de origem portuguesa para os seus restaurantes, para as ruas da sua cidade, para os nomes e apelidos das pessoas que constituem a sua própria comunidade. Parece impossível mas tudo isso é ainda hoje verdade, várias dezenas de gerações depois da primeira presença de portugueses naquela região da Ásia oriental. Tudo isso eu vi, tudo isso eu senti quando lá estive há duas semanas atrás. Falei em português e fui compreendido; escrevi em português e fui percebido; corrigi frases mal escritas de um português com erros e as pessoas agradeceram. Foram duas horas de um diálogo intenso que emocionou, dum diálogo que nunca mais vou esquecer. Como vou recordar para sempre aquele malaio de tez escura, simpático, poliglota, amável, comovido e ainda com a esperança vaga de um dia poder ver com os seus próprios olhos o chão de uma pátria que remotamente o predestinou para ser agora um malaio de origem portuguesa!!! Se eu fosse um homem rico ter-lhe-ia proporcionado esse seu desejo comovedor….Que dirão a isto os políticos que hoje governam Portugal? Nada.