NERO E O INCÊNDIO DE ROMA
Numa conferência a que assisti a propósito do ANO MUNDIAL DOS DESERTOS E DA DESERTIFICAÇÃO veio à baila, no contexto dos temas tratados, o famigerado problema dos incêndios em Portugal. Foi dito pelo ilustre conferencista que esta praga se deve especialmente ao abandono das florestas por parte dos seus proprietários, do estado de degradação a que forçosamente chegam as mesmas e do crescente avolumar de massa combustível. Isso é verdade e estamos todos de acordo.
Mas na minha opinião a raiz do problema é outra, muito mais profunda e de natureza diferente. Há o lado comportamental de quem atiça os incêndios e a componente económica de quem os combate. Não tenhamos ilusões: o incêndio das florestas portuguesas é, de há uns anos para cá, um negócio rentável. Um negócio para quem ateia ou manda atear, uma boa oportunidade económica para quem os combate, um excelente tema de publicidade paga para a Comunicação Social que dele se ocupa. Os incêndios ganharam foros de referência nacional. Todos dão já por adquirido que há uma época oficial de incêndios. Não são os políticos os primeiros a falar dela?
Mas há aqui também um grave problema de cidadania, uma incrível falta de cultura cívica, uma alarmante falta de respeito pelo outro. O despeito, o ajuste de contas, o desleixo, a inconsciência ou o puro gozo maníaco-depressivo do incendiário são componentes patológicas que se perfilam como estando igualmente na origem do incêndio.
Como resolver isto? Só com uma mudança profunda de mentalidade. Ora isso demora anos, perpassa gerações. O que é que estivemos TODOS a fazer até agora? Que raio de educação foi dada aos portugueses durante as últimas décadas?
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