terça-feira, setembro 26, 2006

NÃO BATAM MAIS NO CEGUINHO


Não há dia nenhum em que um governante, um gestor, um patrão ou um órgão de comunicação social não venha a público vociferar contra o excesso de funcionários públicos. Todos, sem excepção, dizem que os há a mais e que o Orçamento do Estado não pode reequilibrar-se devido ao excesso de tão nefastas criaturas.

Até as altas individualidades do COMPROMISSO PORTUGAL quase que não encontraram tema mais aliciante senão o de, também eles, os trazer à colação, sentenciando-lhes o despedimento, duma assentada, de cerca de duzentos mil. Que originalidade para quem, de barriga cheia, assim fala!!! Limitaram-se a tratar de assuntos requentados, a tratar da segurança social como negócio estratégico dos seus interesses pessoais e empresariais para os próximos anos e a nada dizerem quanto ao que, com o seu dinheiro, eram capazes de fazer para que o nosso País enveredasse por modelos de desenvolvimento diferentes daqueles que, com desavergonhada incompetência, andaram, anos a fio, a por em prática com os resultados que todos conhecem.

Irrita-me sobremaneira que se ligue sistematicamente o problema do défice das contas públicas apenas aos funcionários públicos. Não aguento mais esta lengalenga dos instruídos do costume, quer daqueles que, ao longo dos últimos trinta anos, foram os seus recrutadores-mor (refiro-me aos detentores do poder político), quer daqueles que, de carteira recheada, se vão limitando a falar apenas do que está mal, a fazerem os diagnósticos que já todos conhecem, sem nunca apontarem caminhos diferentes de desenvolvimento que eles próprios assumidamente queiram seguir. Que conclusões inovadoras advieram, por exemplo, do último fórum do COMPROMISSO PORTUGAL? Que desilusão para quem se diz tão iluminado!!!

O problema das contas do Estado resolve-se com o desenvolvimento da economia e a adopção de medidas de contenção da despesa pública. O desenvolvimento da economia do País compete à livre iniciativa dos cidadãos e aos empresários e gestores, actuais e futuros; a contenção da despesa pública compete aos políticos.

O que devem fazer os políticos? Tornar mais leve o sistema democrático em sentido amplo. Como? Esquecer, de vez, a actual e fazer uma nova Constituição; diminuir o número de Órgãos de Soberania e afins (para que servem o Tribunal Constitucional e o Conselho de Estado, por exemplo?); diminuir para um terço o staff político de apoio do Presidente da República, da Assembleia da República, do Governo da República, dos Governos Regionais e dos Órgãos Autárquicos; diminuir o número de deputados para metade do existente; diminuir também para metade o número de membros do Governo (inseridos na União Europeia para que servem tantos membros do Governo? Só servem para se atropelarem uns aos outros e emperrarem o bom andamento do País); diminuir substancialmente o número de freguesias e concelhos bem como o número de vereadores, deputados municipais e membros das assembleias de freguesia; reduzir, enfim, o Estado ao Estado mínimo necessário, excluindo-se da sua esfera de acção tudo o que sejam empresas de capitais públicos e confiando-se ao sector privado o exercício de grande parte das funções que ainda estão erradamente a seu cargo, nas áreas da saúde, educação, transportes e serviços prisionais.

Haverá coragem para isso? Com os políticos que temos tenho sérias dúvidas...

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