CASTAS LUSITANAS
O nosso País é um País de castas. De muitas e variadas, para todos os gostos, tradicionais e modernas, de natureza política, de feição religiosa ou de cariz económico. Sendo uma casta, de acordo com a Porto Editora, “uma classe de cidadãos que goza de privilégios especiais”, ou “todo o grupo social ciosamente fechado sobre si”, não é difícil vê-las por esse país fora, aos montes. Basta estar atento.
Se, ao longo da história, se distinguiram e distinguem ainda os membros da Opus Dei e das Lojas Maçónicas, proliferam pela nossa sociedade outras castas que, ínsitas ou já desligadas daquelas, têm sido objecto, pelos piores motivos, de uma especial atenção por parte da Comunicação Social e da opinião pública portuguesa. Não querendo falar de todas as castas, há hoje na sociedade portuguesa a chamada casta dos gestores dos Grandes Grupos Económicos, de capitais públicos e privados. A Caixa Geral de Depósitos, o Banco de Portugal, a Portugal Telecom, a Galp, o Milénio BCP, a EDP, a RTP, a REFER, a CP… são, dentre outros, exemplos recentes de como funciona a malfadada casta de alguns dos mais famosos Gestores de Portugal. Gravitam por aí, giram de um grupo económico para outro, contratam-se entre si, reformam-se e voltam a ser contratados, perpetuam-se no poder anos a fio, estabelecem as suas remunerações, fixam as suas reformas, negoceiam as saídas de um grupo para logo entrarem noutro, permitem-se conceder a si próprios e aos seus familiares empréstimos milionários sem juros, a juros baixos ou, cúmulo dos cúmulos, com perdão do seu próprio pagamento; atentos ao mercado e detentores de informação privilegiada permitem-se criar condições para a baixa artificial das acções dos grupos a que pertencem para logo a seguir as revenderem com mais valias milionárias.
As reformas milionárias dos gestores da Caixa Geral de Depósitos e do Banco de Portugal; os empréstimos que se permitem obter junto desta última entidade reguladora; e os episódios rocambolescos dos Administradores do Grupo Millenium BCP são três exemplos claros acerca do modo como esta classe de privilegiados funciona, do carácter que revelam e do desplante com que placidamente continuam a aparecer junto da opinião pública portuguesa. Não têm vergonha, gozam despudoradamente com a fragilidade de quem tudo suporta.
Enquanto isto acontece o País deprime-se, os portugueses empobrecem, a classe média definha. O que se passa no nosso País é um escândalo, caiu-se, há muito, ao nível da indecência. Até quando?