TRÊS HOMENS DE VISÃO
É frequente dizer-se que no nosso País não há uma visão estratégica de futuro. Isso é globalmente verdade e tem sido norma no decurso da sua longa história de oito séculos de independência política. Portugal foi sempre, com raras excepções, um País subalterno no concerto das nações mais desenvolvidas. Não era propriamente a pequenez geográfica que lhe atribuía esse estatuto, mas era a gritante incapacidade das gentes que o habitavam. Foi assim no período da fundação, tem sido sempre assim no decurso da sua existência de oitocentos anos de autonomia política, é claramente assim em 2007, mas hoje com a agravante de se estar a correr o risco de perda da sua identidade secular.
Em Portugal não há elites mobilizadoras, os políticos não prestam, José S. Pinto de Sousa é um primeiro-ministro mesquinho e sem dimensão, as “castas lusitanas”, desprezando o interesse geral, só se preocupam com aquilo que lhes dá poder ou reforça a fortuna de que são já são possuidores. As classes dominantes não servem o País, servem-se descaradamente dele para seu próprio proveito. Foi quase sempre assim, é assim nos tempos de hoje. É esta a nossa sina, tem sido este o nosso fado.
Apesar de tudo há casos isolados de sucesso; pontuais, mas de indesmentível sucesso. A história conhece os seus autores e foram eles que, de algum modo, foram dando visibilidade a um País de irrelevante interesse internacional. Sem me querer deliberadamente referir aos casos e pessoas que, pelos seus feitos, foram, em todas épocas, ficando na história de Portugal, senti-me no dever patriótico de salientar três homens de sucesso recente. Jorge Jardim Gonçalves, Luís Todo Bom e José Manuel Castro Rocha foram, de facto, três homens de sucesso. Se, de uma forma geral, no nosso País não há homens de VISÃO, estes tiveram-na e deixaram, por isso, obra duradoira no domínio da banca, das telecomunicações e das actividades energéticas.
Não é possível falar-se do Grupo Millenium BCP e do que ele representa para o progresso da banca portuguesa sem se falar do Engenheiro Jardim Gonçalves; não é possível falar-se do Grupo PT e do que as telecomunicações significam para o nosso País sem se referir o nome do Engenheiro Luís Todo Bom; não é, enfim, possível falar-se do Grupo EDP e do peso estratégico que o mesmo simboliza para os portugueses sem se recordar o Dr. José Manuel Castro Rocha.
No âmbito das funções profissionais que desempenhei tive o privilégio de me relacionar com estes três homens. Pela alta capacidade de VISÃO estratégica que demonstraram no contexto das funções por que foram, numa época muito difícil, responsáveis, Jardim Gonçalves, Luís Todo Bom e Castro Rocha representam um caso raro de sucesso empresarial. A obra que fundaram e legaram aos portugueses é a sua demonstração de glória.
Se a banca portuguesa está hoje ao nível do que há de moderno e mais bem organizado no âmbito do sistema bancário europeu e mundial isso é, em grande medida, devido ao fundador do BCP e do Grupo Millenium BCP; se o Grupo Portugal Telecom é hoje a “maior entidade empresarial privada portuguesa, um operador global de telecomunicações, líder a nível nacional em todos os sectores em que actua”, e uma referência positiva de Portugal no mundo, isso deve-se à VISÃO e elevada capacidade de gestão que o Engenheiro Todo Bom demonstrou ter durante o período em que foi o seu Presidente executivo, nos anos de 1994 a 1996; se o Grupo EDP é hoje uma “empresa de energia integrada, líder em criação de valor nos mercados" onde estiver implantada e, igualmente, uma instituição de referência ao nível nacional e internacional, há também aqui uma quota parte muito grande de contribuição do Dr. Castro Rocha, um dos seus mais prestigiados Presidentes.
Como seria diferente Portugal se os políticos que o têm vindo a governar tivessem a capacidade demonstrada por aqueles três HOMENS DE VISÃO!!! Infelizmente não têm; é por isso e por causa da sua mediocridade que o nosso país nunca mais passa da cepa torta em que fatalmente se encontra.