terça-feira, setembro 30, 2008

FUTEBOL CLUBE DO PORTO E OS DEMÓNIOS DE JESUALDO


Escrevo este artigo a poucas horas do embate de Londres entre o Arsenal e o Futebol Clube do Porto. Pelo que nos diz a história de resultados anteriores o meu clube vai, de novo, perder mais um jogo de futebol com um dos mais famosos clubes do campeonato de Inglaterra. Se a história é, neste domínio, implacável (em onze jogos perderam-se dez e empatou-se um…), Jesualdo Ferreira e os demónios que o atormentam vão, certamente, encarregar-se de confirmar o resto. A derrota é sina certa, previsível como dois e dois serem quatro.

Jesualdo é um treinador medroso. Em jogos com equipas de valor idêntico ou teoricamente superior agacha-se quase sempre. Já disse isso neste espaço e confirmo-o de novo. Sempre que revelou medo, perdeu. Não tendo aprendido com as derrotas, ainda não é desta que vai aprender. Jesualdo Ferreira é assim mesmo: acanhado, medroso, conservador, cheio de dúvidas na hora da tomada de uma decisão difícil; o medo de perder está-lhe na massa do sangue. Que me lembre nunca ganhou uma final pelo FCP; que me recorde nunca venceu um jogo fora, com clubes da Primeira Liga Inglesa. O jogo desta noite para a Liga dos Campeões Europeus é, por isso, mais um jogo para perder. A história di-lo, Jesualdo vai confirmar.

Prevejo que o Professor ponha em campo uma equipa à defesa, assustada, a tremer por todos os poros, com tremeliques de toda a ordem. Prevejo que jogue de início quem devia ficar na bancada, auguro que se fique pelo banco quem devia fazer parte da equipa titular. Ninguém percebe por que razão Mariano Gonzalez tem de jogar sempre de início; ninguém entende por que razão Tarik Sektoui não integre sequer o conjunto de 19 jogadores que o treinador decidiu convocar para este jogo de Londres; ninguém compreende por que não joga de início Hulk, todos se surpreendem por que fica quase sempre de fora Lino.

Com o estado de espírito que acabei de revelar vou, contudo, ver o jogo tranquilamente pela televisão. Este treinador teve, pelos antecedentes, a virtude de me relaxar antes dos grandes jogos. Como, por sistema organiza a equipa para empatar e perde quase sempre, a derrota já não me perturba. Irrita mas não me tira o sono.

Estarei hoje, por uma vez, enganado? Poderei esperar pelo milagre? É hoje que vou dar a mão à palmatória? A ver vamos…

segunda-feira, setembro 29, 2008

GANÂNCIA

Nos últimos tempos tem-se falado muito em crise. Numa crise que tem vindo a abalar o sistema financeiro dos países ocidentais, numa crise que inquieta todos os países mas nomeadamente os Estados Unidos e a Europa, numa crise que tem dado azo a que, com frequência, se fale em ganância e em pessoas sem escrúpulos que se presume estarem na base de uma situação preocupante que está, de facto, a agitar o mundo e a meter medo a quem menos culpa tem dela.

Economista, gestores, políticos, auditores, revisores, analistas financeiros, reguladores e especuladores, nenhum destes abencerragens fica bem neste processo. Se há crise e se a mesma é muito grave, toda esta gente tem a sua quota-parte de responsabilidade. Se as consequências para o mundo não estão ainda totalmente avaliadas, a responsabilidade do que se está a passar pertence-lhes por inteiro. Uns mais do que outros mas todos têm culpa neste cartório.

Incompetência, peculato, imoralidade, utilização ilícita de meios, sede de glória, avidez de honrarias inúteis, eis o pano de fundo de uma tragédia que, como se disse, faz tremer o mundo, inquieta quem é economicamente frágil e, sobretudo, assusta quem não tem culpa nenhuma deste momento perigoso e decisivo que todos consideram injusto mas que implacavelmente a todos diz respeito.

A onzena, a ambição desmedida de obtenção de dinheiro fácil, a ânsia de acumulação de riqueza sem limites, a cobiça pelos lucros rápidos, tudo isso está na génese de comportamentos de gente sem carácter, de gente sem escrúpulos, de gente que faz da ganância o seu princípio de vida. Querem mais, querem sempre mais, são gulosos, não olham a meios para obter os fins, exactamente os fins únicos da sua imensa ambição…A usura, o lucro fácil, a voracidade, a ilicitude comportamental que todos, de uma forma ou outra, se consentiram ter como princípio de orientação à frente de governos, de multinacionais, de bancos e de grupos financeiros, foram, de acordo com a generalidade dos observadores, a causa profunda do actual estado mundial da economia.

Se foram, como sair disto? Que medidas tomar? Substituindo os governos, prendendo os culpados, nacionalizando a riqueza ilicitamente adquirida, tributando, de outra forma, os rendimentos socialmente obscenos, mandando para a cadeia quem roubou, impedindo que especuladores sem ética proliferem pelos sectores da economia, racionalizando os mercados financeiros, exonerando, de imediato, os incompetentes, correndo com os padecem de ganância...

Mas não será isto pedir de mais? Como vencer a cumplicidade de interesses instalados? Como acabar com conivências de auto-protecção? No meio de um panorama assim ainda haverá alguém que, não tendo culpa do que se passa, esteja com poder, disponível e legitimamente capaz de contribuir para o estabelecimento de uma outra ordem económica?

segunda-feira, setembro 22, 2008

HOSPITAL DE S.JOÃO: UMA OUTRA IMAGEM

Tive, há dias, necessidade de visitar um doente internado no Hospital de S. João, no Porto. Fiquei boquiaberto com o que vi e com o que por lá se passa. De repente senti-me nos corredores de uma qualquer unidade hospitalar do terceiro-mundo. O ingresso no recinto, as ruas esburacadas, o parque automóvel, as portas de entrada, os corredores do ambulatório, as salas de espera, os ascensores de acesso aos pisos, o aspecto de algumas enfermarias, tudo isto me pareceu ali confuso, desordenado, caótico. Julguei que não estava nas instalações de uma das maiores unidades hospitalares do meu País. Mas estava…

Ouvi funcionários a gritar desabridamente ao microfone, observei doentes aos repelões, escutei pessoas em altos berros, reparei em gente anónima que se vagueava sem destino por corredores que poucos sabiam aonde iam dar. Encontrões, barulho, vozearia, cestos de imundície, pequenas bancas de negócio, papelarias de mau gosto, farnéis, tudo isso eu vi numa casa que já foi, há três décadas atrás, uma das mais importantes unidades de referência hospitalar do nosso País.

Ter ido recentemente a este Hospital constituiu-se numa experiência que não poderei esquecer mais, tal foi a dimensão dos aspectos negativos que, com desagradável surpresa, ali pude observar. Não exagero se disser que ter lá ido foi como se tivesse ido a uma das feiras semanais da cidade de Espinho, tamanha era a desorganização, o caos, a vozearia, a falta de respeito, a poluição ambiental.

Não ponho em causa que, no que toca a números, este Hospital até esteja de boa saúde. Os números que o Conselho de Administração faz constar do seu “site” parecem bons, parecem estar mesmo acima dos indicadores de outros hospitais do País. Mas os hospitais não são números, não são estatísticas cegas, não são apenas o balanço e a demonstração de resultados. Os Hospitais são outra coisa bem diferente: são lugares sagrados onde é obrigatório ter-se respeito pela pessoa humana; são espaços onde há gente que sofre, onde há bebés que nascem, onde há jovens que requerem a saúde que perderam, onde há velhos que morrem. Quem não entender isto não é digno de trabalhar num hospital; quem apenas olha para os números, quem apenas considera o hospital pela óptica financeira dos resultados, não reúne, de todo, condições para ser seu dirigente ou administrador. Terá o Conselho de Administração do Hospital de S. João consciência disto?

Admito que estas palavras sejam brutalmente injustas para quem lá trabalha com honestidade e para os serviços que, apesar da descrição feita, apresentam níveis de excelência, comparáveis com o que de melhor há no mundo em unidades do género. A essas pessoas e a esses serviços peço desculpa e aqui presto a minha homenagem muito sincera. Mas o sentimento geral que retive quando por lá passei foi exactamente o que acabo de relatar. Indignado com o que vi, não pude ficar calado.

sexta-feira, setembro 19, 2008

OS ATRELADOS

Quem consultar o dicionário da Porto Editora verificará que a palavra atrelado pode ter quatro significados: pode querer dizer algo que se encontra preso ou engatado a outro veículo, pode ser um veículo sem motor rebocado por outro, pode ser alguma coisa que ande preso com trelas e pode, por convenção, ser alguém que anda sempre associado a uma pessoa, como se ambas tivessem que funcionalmente estar para sempre coladas uma à outra. É obviamente em sentido coloquial que me quero referir aos atrelados, aos atrelados ditos sociais. De resto, cabem perfeitamente dentro do conceito das castas lusitanas, já retratadas neste espaço de expressão livre, num anterior artigo de opinião.

Na sociedade portuguesa há por aí muitos atrelados. Há homens e mulheres que, com rara habilidade, se atrelam a outras pessoas nas empresas, nos bancos, nas fundações, na economia, nas organizações sindicais, nos municípios, nos agrupamentos desportivos, nas instituições associativas, nas confissões religiosas, nos partidos, nos governos e no mundo da política em geral.

Quem não os conhece? Não sendo chefes, agem como se o fossem; não tendo poder próprio comportam-se como se o tivessem; não sendo ricos aparecem aperaltados por tudo o que cheire a jet-set. Por norma são falsos, vingativos, arrogantes, bajuladores, servis. Do ponto de vista ético são toda esta misturada de grelos que ninguém respeita mas que todos temem.

O atrelado procura andar sempre atrás de alguém que tenha nome, que tenha fama, que tenha dinheiro, que tenha poder; sem valor próprio, o atrelado é, por natureza, um ser obscuro, sebáceo, mesquinho, ganancioso, delator; indo com o chefe para todo o lado, é o parasita que nunca o larga; serve o chefe, mas para se servir dele; ataca impiedosamente quem lhe possa fazer sombra, vende-se para nunca perder as boas graças do chefe que adula.

O atrelado é, em geral, um ser menor. Sem grande carácter, de personalidade duvidosa e intelectualmente pouco dotado, o atrelado tem a vaga esperança de, um dia, ser ele o próprio chefe. Às vezes consegue sê-lo. Ou porque o seu chefe deixou naturalmente de o ser, ou porque o próprio chefe o promoveu, ou porque lhe foram criadas condições de incontornável apropriação do lugar que ficou vago.

Esta gente que abunda por aí, caída do céu aos trambolhões, é irritante e não presta. Não se suporta e são sobejamente conhecidos muitos dos seus figurantes. Essa gente está em todo o lado, nos Organismos Públicos como em prestigiadas Fundações da nossa sociedade. Os atrelados reconhecem-se, sem esforço, nas estruturas distritais dos principais partidos políticos de Portugal. Pairando, sobretudo, por estas bandas, conhecem-se de ginjeira e deveriam ser publicamente denunciados. Por pudor não o são, por ora.

quarta-feira, agosto 27, 2008

SENHORAS QUEQUE


Sabem o que é uma senhora queque? É aquela senhora jovem ou de meia-idade que, cultivando aparência sofisticada, é habitualmente pretensiosa, afectada, snobe. Exageradamente apegada a tudo o que é moda, uma senhora queque julga-se superior nas opções, nas ideias, nos gostos e nos comportamentos em relação àqueles que ela pensa não terem dinheiro, posição ou prestígio social. Uma senhora queque é uma senhora excêntrica, enfatuada, arrogante e presumida. Uma senhora queque, geralmente pouco inteligente, é sonsa, tem dinheiro ou, na maior parte das vezes não o tendo, quer fazer crer que o tem. Frívola, arrogante, néscia, uma senhora queque gosta de parecer aquilo que não é, exibe-se com extravagância, gasta sem regra o que tem e o que não tem.

No nosso País há por aí senhoras queque aos montes. Estão em toda a parte: no carro, no cabeleireiro, no supermercado, na farmácia, no restaurante, na praia, na piscina, no avião, no hotel, no casino, no jet-set, nos convívios sociais. Sem respeito pelos outros, e julgando-se com prioridade sobre tudo e sobre todos, vêem-se facilmente na forma prepotente como, na estrada, conduzem o seu automóvel. Gastando tempo de mais com o empregado que as atende, observam-se à vista desarmada nas farmácias a falar em alta voz para que todos a vejam. Coscuvilhando a vida de pessoas ausentes, nos cabeleireiros assumem-se sempre como modelo de virtudes, sem respeito pelas que, ao seu lado, não têm já paciência para os disparates que aquelas senhoras repetidamente produzem. Na praia passam o tempo a gritar pelos filhos, ralham, deitam lixo para a areia, permitem que os garotos aí joguem à bola, desprezam quem passa, atropelam quem tranquilamente faz questão de fruir dos benefícios de um banho de sol relaxante.

Uma senhora queque não aguarda pela sua vez nas filas de espera; ultrapassa-as, sempre que pode, nas caixas do supermercado, nas filas do check-in do aeroporto, na fila de espera de uma repartição pública, no check-out de uma unidade hoteleira. Uma senhora queque age como se tivesse sempre a primazia nos cruzamentos, raramente dá prioridade de passagem a quem a tem. Uma senhora queque estaciona o carro em qualquer sítio, onde calha, mesmo que isso implique estar em frente de uma garagem ou a impedir a mobilidade de um outro condutor. Uma senhora queque deixa sempre o carrinho das compras do supermercado abandonado na rua ou no passeio, à espera que outros o ponham no lugar que é o seu. Uma senhora queque nunca recolhe os dejectos que o seu cãozinho de estimação depositou no jardim, na rua, no passeio do prédio ou na própria entrada de um restaurante ou café.

As senhoras queque irritam pelo que são, pelo que não são e fingem ser, pelo atropelo sistemático das boas normas de cortesia, pela violação reprovável das regras de uma cidadania solidária. Como disse, as senhoras queque são frívolas, sonsas, dissimuladas, afectadas e, como diz o povo, burras incorrigíveis. Como não têm emenda temos que as aceitar como são, procurando com muita paciência saber conviver com elas.

terça-feira, agosto 26, 2008

ESPINHO, UMA CIDADE PARADA NO TEMPO


Se há no nosso País cidade que reúne condições excepcionais para nela se poder viver com conforto, com segurança e com qualidade de vida, essa cidade poderia ser a cidade de Espinho. Cidade marítima da região norte de Portugal, do distrito de Aveiro e do grande Porto, Espinho é sede de um pequeno município com 21,42 km quadrados de superfície e uma população de 30 649 habitantes, espalhados pelas freguesias de Anta, Espinho, Guetim, Paramos e Silvalde. Hoje naturalmente integrado na Grande Área Metropolitana do Porto (AMP), o município de Espinho é, por outro lado, limitado pelos municípios de Vila Nova de Gaia, a norte, de Santa Maria da Feira, a leste, de Ovar, a sul, e pelo Oceano Atlântico, a oeste.

Situada à beira mar, de praias atraentes, cidade plana, com área e população reduzida e ainda sem o tráfego e o caos urbanístico dos grandes centros, a cidade de Espinho não tem, infelizmente, e apesar das condições naturais descritas, a atmosfera, a beleza e a qualidade de vida que as populações do mundo de hoje exigem ao poder político constituído. Parada no tempo, Espinho é uma cidade morta, esteticamente desinteressante, desequilibrada, de ruas esburacadas, pouco asseada, com cimento a mais e zonas verdes a menos. Espinho está muito longe de ter o encanto de outras cidades marítimas do norte de Portugal que, sem perda da sua identidade, rapidamente souberam evoluir para padrões de elevada qualidade de vida, como é o caso das cidades de Gaia, Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa do Varzim, Esposende e Viana do Castelo. Como é substancialmente diferente a dimensão de quem tem vindo a ter o governo daquelas cidades, comparada com a falta de nível e de visão política de quem tem estado à frente dos destinos da cidade e município de Espinho…

Tem, de facto, faltado a Espinho alguém com visão estratégica de médio e longo prazo. Espinho não tem tido, na última década, poder político capaz de fazer desta cidade a mais bela cidade litorânea do nosso País. Tem-lhe faltado alguém que, dotado de inegável qualidade intelectual, gostasse do belo pelo belo e apreciasse a qualidade de vida da população que ali reside e dos visitantes que a demandam; de alguém que lhe desse dimensão europeia e lhe emprestasse a classe que ainda não possui; de alguém que soubesse promover com afinco o asseio das casas que a povoam e assegurasse com firmeza o bom estado das ruas que a percorrem.

Infelizmente Espinho não tem ainda nem a atmosfera nem o nível de outras cidades congéneres; é objectivamente feia, esburacada, suja e, em certas zonas, incrivelmente poeirenta; Espinho é uma cidade parola, anafada, sem classe; Espinho é claramente o espelho do Presidente que a governa. Até quando? Esperemos que apenas até ao acto eleitoral de 2009. Têm a palavra os munícipes.

segunda-feira, agosto 25, 2008

BULGÁRIA, IMPRESSÕES DE UMA VISITA

Há anos que não gozava férias na praia. Fi-lo este ano, no início do presente mês de Agosto. A Bulgária foi o País escolhido, Sunny Beach, na costa do Mar Negro, o local onde permaneci pelo período de uma semana. Optei por esta zona balnear por ter ouvido boas referências das agências que consultei, por me ter sido dado boa nota por familiares que já lá tinham estado e por, nesta época de aperto económico, ser uma das zonas do mundo de mais fácil acesso à bolsa depauperada dos portugueses de uma classe média não muito exigente. Além disso não sairia da Europa e teria a possibilidade de constatar, in loco, o estado de desenvolvimento de um País que tinha recentemente aderido à União Europeia. Por comparação com o nosso País há sempre a curiosidade de se saber em que medida os países da Europa de leste se tem vindo a desenvolver no contexto de uma nova realidade que mal conheciam até há poucos anos. Sabe sempre bem comparar o estado em que estão com o estado de desenvolvimento económico em que está o nosso País.

Sunny Beach, situada a cerca de 30 quilómetros da cidade de Burgas, é a maior estância balnear da costa do Mar Negro, e um local privilegiado para quem quer fazer férias em família, a preço acessível, em praias de areia fina, com dias longos de sol e água do mar a temperaturas muito agradáveis. Com 8 quilómetros de praia espalhados pelo sudoeste da costa do Mar Negro, Sunny Beach oferece, de facto, condições excelentes para uma boa semana de férias passadas com a família, a preços acessíveis.

Quem estiver nesta estância de férias da República da Bulgária, além da praia, tem opções para todos os gostos. Casinos, restaurantes, supermercados, bazares, discotecas e bares com música ao vivo permanecem praticamente abertos 24 horas sobre 24 horas. Quem, além disso, for adepto de uma actividade desportiva pode facilmente fazê-lo com a prática da vela, do windsurf, do jet ski, do ténis, do mini golfe, do bowling, do ciclismo, dos passeios a cavalo ou até mesmo dos mergulhos em centros de mergulho adequados. Ainda não há golfe na zona, mas pensa-se que haverá a curto prazo.

Quem, além de tudo aquilo, estiver na disposição de querer saber alguma coisa mais acerca da Bulgária e do povo búlgaro pode deslocar-se a Varna e passar um dia em Nessbar. Visitando Varna ficará com uma ideia acerca do segundo maior centro económico e da terceira maior cidade do País, do que são, durante o percurso rodoviário, algumas das suas aldeias rurais e de como são alguns dos montes da famosa cordilheira dos Balcãs. Indo a Nessbar verá uma das mais antigas cidades da Europa, nascida no já longínquo século segundo antes de Cristo, desde 1956 património da humanidade e, hoje em dia, um local de visita obrigatória para quem está neste País da Europa oriental pelo exotismo das suas construções de madeira, pela grandiosidade arquitectónica das suas igrejas medievais, pela atmosfera agradável que ali se sente.

As actividades que acabo de descrever têm, no entanto, por detrás um serviço que está muito longe dos níveis de qualidade praticados pela maioria dos Estados que integram a actual União Europeia em particular e o mundo mais desenvolvido em geral. A prestação turística é ainda muito básica e de fraca qualidade, os hotéis apresentam enormes deficiências de funcionamento, a exploração do turista é uma constante bem visível, a comida é globalmente fraca, a ganância pelo dinheiro rápido grassa a olhos vistos, a corrupção é palavra corrente a todos os níveis da sociedade, especialmente dos serviços da administração pública. Nesta matéria, lá como cá…

Gostei de ter visitado este País da ex-cortina de ferro. País pobre, altamente dependente dos fundos estruturais da União Europeia, de pessoas simples e acolhedoras, a Bulgária está hoje para Portugal em termos de desenvolvimento socioeconómico como o nosso País estava para a França há trinta anos atrás. Ter ido a este País da União Europeia foi como regressar ao Portugal dos tempos do início da revolução de Abril. Foi esse o sentimento que tive. Só por isso passei a apreciar muito mais o meu País, só por isso passei a viver, pelo menos por uns tempos, muito menos deprimido
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