domingo, outubro 22, 2006

ASSIM NÃO, JOSÉ SÓCRATES

Foi como membro do Governo Socialista de António Guterres que fiquei a conhecer José Sócrates. E confesso que a impressão que então tive dele foi muito positiva. Distinguia-se, no meio da mediocridade geral, como sendo um governante determinado, de convicções fortes e com ideias concretas para as áreas do ambiente que então tutelava. Francamente gostava do Ministro José Sócrates.

Já não gostei nada de o ver como comentador político de televisão. Nem dele nem do seu parceiro da altura. Fez-me, nessa qualidade, lembrar os meninos cábulas da escola que estudam bem a lição de casa, mas que não passam disso mesmo na hora da verdade. Papagueiam bem mas não convencem nada acerca do que dizem. Os comentários que produzia eram chochos, sem profundidade analítica e, o que é mais preocupante, sem qualidade intelectual. José Sócrates nunca revelou ter um pensamento próprio sobre nada. Todo ele era superficialidade.

Curiosamente vence as eleições para Secretário-geral do Partido Socialista. Graças à visibilidade pública que lhe dera a televisão enquanto comentador político com o parceiro que paradoxalmente ascendera entretanto a Primeiro-ministro de Portugal, foi assim possível que um homem mal preparado e, intrinsecamente, de uma direita ultrapassada, derrotasse os dois candidatos da esquerda do PS.

Em eleições antecipadas, com a coligação PSD-CDS politicamente desfeita e à falta de soluções mais credíveis, José Sócrates chega, por bambúrrio da sorte, a Primeiro-ministro. Prometeu mundos e fundos ao povo português para que este lhe confiasse a governação do País. E o povo confiou e fez dele Primeiro-ministro.

Uma vez no poder fez tudo ao contrário do que havia prometido. Aumentou os impostos quando havia prometido baixá-los; atacou todas as classes profissionais quando se havia comprometido a apaziguar a sociedade portuguesa; insultou os magistrados e juízes; enxovalhou os funcionários públicos; maltratou médicos e professores; foi ao bolso dos pensionistas e até os deficientes foram também alvo da sua fúria devoradora; não escaparam os próprios autarcas e o Governo Regional da Madeira, especialmente o seu Presidente.

Tudo em nome do reequilíbrio do famigerado défice orçamental. Entretanto a economia esmoreceu, a despesa pública aumentou, o défice não se reequilibrou, o investimento estrangeiro desapareceu, as multinacionais fugiram e fogem do País, o desemprego cresceu, os pobres tornaram-se cada vez mais pobres, a classe média perigosamente definhou.

Portugal é, por acção deste Primeiro-ministro, um País desanimado, sem uma estratégia clara de futuro, complexado no cômpito dos seus pares da União Europeia, e já bem no limiar de uma perigosa convulsão social. Os sinais estão à vista. O autismo do Primeiro-ministro e dos membros do seu Governo não os percebem, mas eles estão aí. Que o digam as manifestações, as greves, a indignação generalizada. Confesso que este Governo definitivamente não serve e não presta. É um Governo cuja linha de rumo foi, desde que tomou posse, a trapalhice e o ataque sistemático aos portugueses.

ASSIM NÃO, JOSÉ SÓCRATES. Para mal do seu PS e dos Portugueses o Senhor já não tem emenda, é irritante e deixou de ter a confiança dos que em si votaram. Só um caminho lhe resta: demitir-se e deixar que o povo escolha um outro Primeiro-ministro; mas um Primeiro-ministro que, de uma vez por todas, fale sempre verdade, que diga no seu programa eleitoral o que tenciona fazer se for eleito e que prometa nunca mais intrujar o povo português. Estou farto de ser insultado e enganado por VOSSA EXCELÊNCIA e pelos ajudantes que o rodeiam.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sobre o post de 22 Outubro, trata-se de um arrazoado de mentiras, quando se passa das opiniões pessoais sobre quem é Sócrates( cada um pensa o que quer ou é capaz!), para o que é a situação do País e a política das reformas.
O País estava com défice maior do que a dupla Santana/Bagão disse. O Orçamento que então apresentaram foi uma mistificação. Para resolver este descalabro , o Governo Socialista tomou medidas. Duras. Mas, necessárias. As corporações queixam-se: pois, os funcionários tem 25 dias de férias, uma dezena de feriados, muitas "pontes" e ... ah,ah, aumentos garantidos. Agora talvez não tenham tanto do mesmo. Mas, como são bons e ganham mal, segundo dizem, então mudem para a privada: aí ganharão mais e ajudarão a economia do País. E sobre as manifs, há muitos bons funcionários que possivelmente não são arregimentáveis pelo eterno (!!!) Carvalho da Silva ( não tem prazos?) nem pelo eterno Sucena ( ele sabe ensinar? )
Quanto à Madeira, Oh GOD, então não é preciso acabar com o regabofe? É só gastar e depois todos pagamos? E ainda somos apodados de "cubanos" ( o que nem é ofensivo para todos ) e de colonialistas. Oh Dr Jardim tenha tino e os seus apoiantes também, por favor, não entrem em desatino.
Um último comentário: o Povo maioritariamente está com as reformas. Mas,... alguém entende mal que se acabe com os privilégios dos magistrados? - uns 60 dias de férias, adiamentos sucessivos de actos...
E os médicos?. Quantas horas trabalham, nos hospitais? ( 4?, 5? , e cá fora?). Quanto ganham?.E os professores ( essa profissão de desgaste rápido com 20 e tal horas de aulas por semana... coitados dos da construção civil... )por que não hão-de ser avaliados?
Vamos ser sérios nas análises e contribuir para resolver a crise. Trabalhando mais. Criticando, mas de forma construtiva. Para delgados de ideias já basta o dito.
"7cidades"

Anónimo disse...

Dois comentários(citações)ao comentário do ANÓNIMO, publicado pelas 19:03 horas do dia 23 Outubro de 2006:

Primeiro comentário:

" DESPESAS COM PESSOAL NO ORÇAMENTO DE 2007
O orçamento global para os vencimentos do primeiro-ministro e respectivos 16 ministros regista um aumento de 6,1 por cento face ao montante atribuído para 2006. A soma total da verba prevista para despesas com a rubrica "titulares de órgãos de soberania e membros de órgãos autárquicos", pela qual são pagos os salários dos membros do Governo, ascende, em 2007, a 1 027 348 euros, contra os 967 980 euros orçamentados para este ano.

JOSÉ SÓCRATES (Primeiro-ministro): 65.899 euros (2007) / 69.682 euros (2006) / Variação: - 5,4%

PEDRO SILVA PEREIRA (Ministério da Presidência): 123.036 euros (2007) / 57.900 euros (2006) / Variação: + 112,4%

AUGUSTO SANTOS SILVA (Ministério dos Assuntos Parlamentares): 55.812 euros (2007) / 69.452 euros (2006) / Variação: - 19,6%

ANTÓNIO COSTA (Ministério da Administração Interna): 55.812 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,49%

LUÍS AMADO (Ministério dos Negócios Estrangeiros - tutelou a Defesa até final de Junho 2006): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

TEIXEIRA DOS SANTOS (Ministério das Finanças): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

NUNO SEVERIANO TEIXEIRA (Ministério da Defesa - é ministro desde Junho 2006): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

ALBERTO COSTA (Ministério da Justiça): 55.812 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

FRANCISCO NUNES CORREIA (Ministério do Ambiente): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

MANUEL PINHO (Ministério da Economia): 56.950 euros (2007) / 56.100 euros (2006) / Variação: + 1,5%

JAIME SILVA (Ministério da Agricultura e Pescas): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

MÁRIO LINO (Ministério das Obras Públicas): 55.812 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

JOSÉ VIEIRA DA SILVA (Ministério do Trabalho e Segurança Social): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

CORREIA DE CAMPOS (Ministério da Saúde): 55.812 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

MARIA DE LURDES RODRIGUES (Ministério da Educação): 55.900 euros (2007) / 54.990 euros (2006) / Variação: + 1,65%

MARIANO GAGO (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior): 55.813 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

ISABEL PIRES DE LIMA (Ministério da Cultura): 55.812 euros (2007) / 54.988 euros (2006) / Variação: + 1,5%

::
Portuguese politicians get more 6.1% payment, but all the other public works only got 1.5%. And they keep saying that our country is in a big crisis!!

[www.correiodamanha.pt]
Posted by armario at 21:34(Fim de citação)

Segundo comentário:

" CARTA ABERTA AO ENGENHEIRO JOSÉ SÓCRATES


Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras, motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento.

Desminta, se puder, o que passo a afirmar:

1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha.

As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?

3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é . 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Áustria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.•
Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores . De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:

1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão ).

OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO! .

Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES, os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos.

Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década.

Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.

2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos, baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.

3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre ( Prédio Coutinho ) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?

4º Por que não defende V. Exa. a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã (ver Correio da Manhã de 17/10/2005), em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?

* Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social ?
* Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros ?
* Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros ?
* Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos , que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos ?
* Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida ?

A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores.
QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA, FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE.

QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS, OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE, PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.(fim de citação)