A OTA DE UM OTÁRIO ÚTIL
É ponto assente. O novo Aeroporto Internacional de Lisboa vai ser construído na Ota. Alguém tem dúvidas sobre isso? Por mim não tenho.
O que significa então o estudo complementar que vai ser desenvolvido acerca da alternativa Alcochete? Perda de tempo e de dinheiro. Perda de tempo porque a decisão já foi, há muito, tomada pelo Governo e não vai, por isso, servir rigorosamente para nada; perda de dinheiro porque vamos todos ter que o pagar, sem que daí advenha retorno para o País, ou benefício visível para os cidadãos. Que utilidade tem, de facto, o dinheiro que um Governo irresponsável vai fazer-nos gastar com o estudo da alternativa ao Aeroporto da Ota? Nenhum; é uma despesa escandalosamente inútil.
O estudo que aí vem é, além de uma aldrabice sonsa, um mero esbanjamento de dinheiros públicos. É mais um assalto à bolsa dos portugueses perpetrado por um Governo que, gozando sem vergonha com todos nós, não há meio de cair. Vai um dia cair de maduro, mas, incompreensivelmente, não há meio de cair de vez.
O estudo da alternativa Alcochete tem, contudo, motivações políticas muito claras. É necessário ao Governo, é imprescindível a José Sócrates e é fundamental para a presente candidatura de António Costa. Durante seis meses o Governo deixa, no seu todo, de ter um problema que o flagelava todos os dias; durante seis meses o Primeiro-ministro pode, com mais tranquilidade, pensar melhor na presidência da União Europeia; durante os 30 dias decisivos da campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa o socialista António Costa, com notório alívio, deixa de ter de responder à questão chata de, putativo presidente, ter que, em benefício do Aeroporto da Ota, justificar o abandono do aeroporto internacional da própria cidade de que quer ser Presidente.
E assim vai o nosso País. Indignado mas submisso; revoltado mas medroso; amargurado mas servil. Que raio estamos todos nós, cidadãos amoucos, a fazer? Não há ninguém que, com a fibra de outros que na história foram “valorosos”, dê um safanão reabilitante a todo este estado de astenia colectiva? Como vamos sair disto?