quinta-feira, junho 21, 2007

A OTA DE UM OTÁRIO ÚTIL


É ponto assente. O novo Aeroporto Internacional de Lisboa vai ser construído na Ota. Alguém tem dúvidas sobre isso? Por mim não tenho.

O que significa então o estudo complementar que vai ser desenvolvido acerca da alternativa Alcochete? Perda de tempo e de dinheiro. Perda de tempo porque a decisão já foi, há muito, tomada pelo Governo e não vai, por isso, servir rigorosamente para nada; perda de dinheiro porque vamos todos ter que o pagar, sem que daí advenha retorno para o País, ou benefício visível para os cidadãos. Que utilidade tem, de facto, o dinheiro que um Governo irresponsável vai fazer-nos gastar com o estudo da alternativa ao Aeroporto da Ota? Nenhum; é uma despesa escandalosamente inútil.

O estudo que aí vem é, além de uma aldrabice sonsa, um mero esbanjamento de dinheiros públicos. É mais um assalto à bolsa dos portugueses perpetrado por um Governo que, gozando sem vergonha com todos nós, não há meio de cair. Vai um dia cair de maduro, mas, incompreensivelmente, não há meio de cair de vez.

O estudo da alternativa Alcochete tem, contudo, motivações políticas muito claras. É necessário ao Governo, é imprescindível a José Sócrates e é fundamental para a presente candidatura de António Costa. Durante seis meses o Governo deixa, no seu todo, de ter um problema que o flagelava todos os dias; durante seis meses o Primeiro-ministro pode, com mais tranquilidade, pensar melhor na presidência da União Europeia; durante os 30 dias decisivos da campanha eleitoral para a Câmara de Lisboa o socialista António Costa, com notório alívio, deixa de ter de responder à questão chata de, putativo presidente, ter que, em benefício do Aeroporto da Ota, justificar o abandono do aeroporto internacional da própria cidade de que quer ser Presidente.

E assim vai o nosso País. Indignado mas submisso; revoltado mas medroso; amargurado mas servil. Que raio estamos todos nós, cidadãos amoucos, a fazer? Não há ninguém que, com a fibra de outros que na história foram “valorosos”, dê um safanão reabilitante a todo este estado de astenia colectiva? Como vamos sair disto?

segunda-feira, junho 18, 2007

JORGE NUNO PINTO DA COSTA


Se há em Portugal algum dirigente desportivo cuja competência possa ser medida pelos êxitos que conseguiu, esse dirigente chama-se Jorge Nuno Pinto da Costa. Em mais de duas décadas como Presidente do Futebol Clube do Porto já ganhou tudo o que poderia ser ganho. Em Portugal, na Europa e no Mundo. Os troféus nacionais e internacionais atestam-no com inatacável evidência. Jorge Nuno é, por muito que isso custe aos seus detractores, um vencedor nato, um emblema eterno do FCP, uma referência obrigatória do desporto português. Ele é hoje um dos raros portugueses que, estando já para além do seu próprio País, surpreende o mundo com os êxitos que obteve, enaltece Portugal com a obra que construiu e orgulha os portugueses saudosos do seu País distante, qualquer que seja o recanto da diáspora em que se encontrem. Jorge Nuno Pinto da Costa e o seu Futebol Clube do Porto são, irmanados, uma marca incontornável do nosso País, na Europa e no Mundo. Não será exagero dizer-se que, no dirigismo desportivo, Jorge Nuno é, nos tempos de hoje, uma outra expressão do Eusébio dos anos sessenta, do Figo dos anos noventa e do Cristiano Ronaldo dos últimos tempos dos anos 2000.

Tive o privilégio de ler o que foi editado pelo jornal Público de hoje. Concordei com o que foi dito. Pinto da Costa é feliz sempre que fala do seu Futebol Clube do Porto, mas entristece-se naturalmente quando os assuntos são de outra natureza. Com a serenidade que sempre soube patentear na vida, mesmo em circunstâncias adversas, pressinto-o inundado pela amargura de algumas injustiças de que, aleivosamente, está a ser vítima, vejo-o incomodado pela traição de pessoas que amou, noto-o revoltado pelas tramas jurídicas do Apito Dourado, observo-o desiludido com as artimanhas com que gente despeitada o quer, à viva força, condenar.

Em Portugal não se pode ser um vencedor, não se pode, sobretudo, vencer muitas vezes. No desporto como nas outras actividades. Jorge Nuno Pinto da Costa e o Futebol Clube do Porto têm vencido quase sempre nas últimas décadas, cá dentro e lá fora, sem favores de ninguém. De forma limpa, com a luta abnegada dos seus atletas e sempre no terreno de jogo. Se antes de 1974 havia, em Lisboa, os chamados vencedores do odioso regime de então, o Futebol Clube do Porto e Jorge Nuno Pinto da Costa passaram a sê-lo, sem favores, do regime democrático que, entretanto, nasceu.

Toda a gente de boa fé verifica que Jorge Nuno Pinto da Costa e o Futebol Clube do Porto estão a ser alvo de perseguições intoleráveis. Como raramente são derrotados no campo de jogo têm que ser derrotados, a qualquer preço, na secretaria e nos tribunais. Por maiores que sejam as campanhas insultuosas, por mais ilustres que sejam os próceres das artimanhas judiciárias que artificialmente se criaram com o exclusivo fim de se obter a sua condenação, Jorge Nuno e o FCP vão vencer uma vez mais. Os justos vencedores da vida nunca perdem com burocratas invejosos e sabem também vencer com justiça nos Tribunais. É o caso presente.

domingo, junho 17, 2007

A SENHORA DO DEDO EM RISTE

Por muito que custe à Senhora Ministra da Educação, Margarida Moreira não pode continuar no exercício das funções de Directora Regional da Educação do Norte. Se nunca deveria ter sido nomeada no passado para aquelas funções, foi um erro crasso tê-la reconduzido recentemente no contexto do processo de reestruturação desta estrutura regional de educação. A DREN merece que a dirija outra pessoa, uma outra pessoa que, sem ser de dedo em riste, seja capaz liderar bem e de saber ouvir diferente. À frente deste Organismo Regional de Educação não pode estar um tiranete pífio, uma sarigueia qualquer. A dignidade da função requer um dirigente de alto nível, um dirigente com nobreza de carácter.

Aquela senhora não tem claramente perfil para o lugar. Ocupa-o, não por mérito próprio, mas por ser militante do Partido Socialista, por ter sabido aproximar-se de quem fosse capaz de lhe dar guarida partidária (diz-se, por aí, ser um tal ministro que ficou célebre pela famosa tirada do “jornalismo de sarjeta”…) e por ser o exemplo perfeito de como devem actuar, no terreno, os mangas de alpaca do todo poderoso Chefe José. Margarida Moreira não tem dimensão humana para o desempenho das funções que exerce, rareia-lhe cultura cívica, escapa-lhe o sentido democrático das coisas, escasseia-lhe visão estratégica, abunda-lhe o autoritarismo mesquinho, falta-lhe notoriamente, como se disse, nobreza de carácter.

Margarida Moreira é hoje, pelas piores razões, um celebridade nacional. É um pequeno tiranete que amedronta quem dela discorda, é um epifenómeno que, infelizmente, reproduz o que se vai passando pelo País fora. As pessoas em Portugal hoje têm medo; têm medo de discordar do poder político; têm medo de emitir publicamente opinião diferente; têm medo de desagradar aos chefes; receiam o poder político. Há um temor generalizado de represálias. Neste clima de medo, nunca visto desde que instalou o regime democrático, Fernando Charrua é apenas um exemplo. Até quando Senhor Primeiro-ministro?