QUE O QREN NÃO SEJA UMA NOVA OPORTUNIDADE PERDIDA
O Primeiro-ministro anunciou esta tarde que Portugal vai receber da União Europeia fundos estruturais na ordem de 21,5 mil milhões de euros. Inseridos no contexto do Quadro Nacional de Referência Estratégico (QREN), estes fundos vão ser aplicados durante os próximos 6 anos em áreas diversas, de que se destacam designadamente a qualificação dos recursos humanos e o desenvolvimento da economia portuguesa. Se àquele valor juntarmos 23,2 mil milhões de euros, resultantes da participação do Estado e das empresas privadas, isso significa que até 2013 Portugal terá uma verba disponível acumulada de 44,7 mil milhões de euros. É, de facto, muito dinheiro posto ao serviço de Portugal.
Especialmente crítico dos métodos que utilizou para ganhar as eleições que o levaram ao poder, e da forma exageradamente hostil como tem vindo a governar o País, desta vez gostei de o ouvir e, globalmente, do que anunciou (para quê insistir-se na OTA, Senhor Primeiro Ministro?). Reconheceu, com surpreendente humildade, os erros que foram cometidos no passado e manifestou a vontade de ser diferente na aplicação destes novos fundos comunitários. Para bem de todos os portugueses e do real desenvolvimento do País.
Tenho, no entanto, sérias reservas de que só por si e pelo seu Governo consiga ter êxito nesta tarefa. Sofrendo duma endémica incapacidade de aplicar bem o dinheiro disponível e volúvel às pressões de natureza partidária, não consigo reconhecer nos políticos que actualmente nos governam competência para levar a bom termo gigantesca tarefa. O passado fala por si, como o próprio José Sócrates bem salientou.
O que fazer e como fazer para que esta última oportunidade não seja mais uma oportunidade perdida? Por concurso público internacional escolher e confiar a uma entidade independente e de reconhecido mérito, a responsabilidade de proceder à gestão, acompanhamento, fiscalização e avaliação dos resultados obtidos da aplicação de todos os fundos que forem postos à disposição de Portugal.