quarta-feira, janeiro 17, 2007

QUE O QREN NÃO SEJA UMA NOVA OPORTUNIDADE PERDIDA


O Primeiro-ministro anunciou esta tarde que Portugal vai receber da União Europeia fundos estruturais na ordem de 21,5 mil milhões de euros. Inseridos no contexto do Quadro Nacional de Referência Estratégico (QREN), estes fundos vão ser aplicados durante os próximos 6 anos em áreas diversas, de que se destacam designadamente a qualificação dos recursos humanos e o desenvolvimento da economia portuguesa. Se àquele valor juntarmos 23,2 mil milhões de euros, resultantes da participação do Estado e das empresas privadas, isso significa que até 2013 Portugal terá uma verba disponível acumulada de 44,7 mil milhões de euros. É, de facto, muito dinheiro posto ao serviço de Portugal.

Especialmente crítico dos métodos que utilizou para ganhar as eleições que o levaram ao poder, e da forma exageradamente hostil como tem vindo a governar o País, desta vez gostei de o ouvir e, globalmente, do que anunciou (para quê insistir-se na OTA, Senhor Primeiro Ministro?). Reconheceu, com surpreendente humildade, os erros que foram cometidos no passado e manifestou a vontade de ser diferente na aplicação destes novos fundos comunitários. Para bem de todos os portugueses e do real desenvolvimento do País.

Tenho, no entanto, sérias reservas de que só por si e pelo seu Governo consiga ter êxito nesta tarefa. Sofrendo duma endémica incapacidade de aplicar bem o dinheiro disponível e volúvel às pressões de natureza partidária, não consigo reconhecer nos políticos que actualmente nos governam competência para levar a bom termo gigantesca tarefa. O passado fala por si, como o próprio José Sócrates bem salientou.

O que fazer e como fazer para que esta última oportunidade não seja mais uma oportunidade perdida? Por concurso público internacional escolher e confiar a uma entidade independente e de reconhecido mérito, a responsabilidade de proceder à gestão, acompanhamento, fiscalização e avaliação dos resultados obtidos da aplicação de todos os fundos que forem postos à disposição de Portugal.

terça-feira, janeiro 16, 2007

UMA LAMENTÁVEL PERRICE POLÍTICA


O referendo sobre o aborto que vai ocorrer em Portugal no dia 11 de Fevereiro é uma teimosia da esquerda portuguesa. Duma esquerda chata, obsoleta, inútil e extremamente perniciosa para o nosso País. A legislação que vigora quanto à interrupção voluntária da gravidez já é suficiententemente generosa e nada se justificava que o povo português tivesse que ser, de novo, chamado a pronunciar-se sobre uma matéria que já foi, há apenas 8 anos, objecto de uma clara opinião.

Como o resultado não foi, no referendo de 1998, o que o espectro político de esquerda esperava, nunca mais houve sossego enquanto não foi marcada nova data para se tentar obter agora o que não foi conseguido anteriormente. O comportamento desta sui-generis esquerda portuguesa faz-me lembrar aquele jogador de futebol que, ao falhar um penalti decisivo, quer, acto contínuo, repeti-lo, para ver se obtém o golo que por acto lícito não conseguiu. Isto é batota. O referendo que aí vem é uma insuportável trapaça política. Com um País em crise de identidade, fazer, nesta altura, um referendo sobre o aborto é não ter a noção das prioridades nacionais e andar a brincar com a paciência dos portugueses. Simplesmente lamentável.

Pena tenho que outros responsáveis se tenham deixado ingenuamente envolver na trapaça de uma lamentável perrice política. Assim vai o nosso País…

sexta-feira, janeiro 05, 2007

UMA POLÍTICA TIPO BANHA DA COBRA

Tenho-me perguntado muitas vezes sobre se este Governo é um Governo competente. E quanto mais me pergunto mais dúvidas me assaltam acerca do que ele é ou não é capaz de fazer. Terá o País, na encruzilhada identitária em que perigosamente se encontra, o Governo adequado às transformações de que carece para se situar, de novo, na rota do desenvolvimento? Será o actual Primeiro-ministro a pessoa indicada para reintegrar Portugal no grupo dos países da União Europeia que mais crescem? Conseguirá o actual Governo de Portugal proporcionar aos seus cidadãos os mesmos índices de conforto que tem a maioria dos cidadãos dos países da União Europeia?

Infelizmente penso que não. O Governo, por aquilo que já fez e não fez desde que foi investido, tem dado uma confrangedora imagem de incompetência; e o Primeiro-ministro uma preocupante falta de visão estratégica para o País. Os sinais falam claramente por si. Vejamos: a pobreza aumentou e os pobres são cada vez em maior número; o desemprego não desacelera e a multidão dos que não têm trabalho não pára de crescer; as classes médias definham a pique e a pobreza envergonhada é o único horizonte certo que, com fundamentada preocupação, vislumbram; há menos ricos, mas os que existem, estão cada vez mais ricos, concentrando em si, e sem trabalho produtivo que a justifique , uma desproporcionada riqueza do todo da riqueza nacional; o aparelho do Estado engorda e as despesas públicas reais evoluem no sentido inverso dos sacrifícios que são pedidos aos portugueses; a Justiça não funciona e está hoje pior do que estava antes de Sócrates; continua a não haver uma visão de médio e longo prazo para a Educação; o Serviço Nacional de Saúde corre o risco de desaparecer e o seu Ministro faz hoje o contrário do que dizia antes de o ser; a economia permanece estagnada e o seu Ministro gagueja de solavancos e contradições; as Finanças espremem, com impostos, os contribuintes, e o seu Ministro dá-se ao desplante de maltratar e empobrecer aqueles que trabalham para si e para o próprio Estado de que são parte, e que devotadamente sempre quiseram servir.

Não há, em suma, neste Governo uma política que, com coerência, aproveite aos portugueses, nem os Portugueses acreditam nas políticas que o Governo propagandeia. Nem agora nem a médio e longo prazo. Os Governantes que temos reflectem o País em que estão; e o País os Governantes que temos: um País pobre, envergonhado, culturalmente atrasado; um Governo atávico, autista, sem nenhuma ideia mobilizadora.

QUAL A SOLUÇÃO? Encontrar um outro Governo. Um Governo que: não engane nem faça o contrário do que prometeu; nunca faça batota eleitoral; apresente um programa realista e, uma vez eleito, o cumpra rigorosamente; não hostilize nem subjugue os indefesos; seja capaz de unir os portugueses e de os mobilizar, de vez, num amplo projecto de redenção nacional.