sexta-feira, setembro 29, 2006

THE CAPE OF GOOD HOPE

Durante doze dias tive o privilégio de estar em CAPE TOWN. Cidade importante da República da África do Sul é igualmente uma das cidades mais bonitas do mundo. Pude confirmá-lo.

Algumas ideias-chave puderam ser retidas da minha breve passagem por esta cidade do sul do Continente Africano: Há dentro de CAPE TOWN duas cidades contraditórias: uma muito rica com cerca de um milhão de habitantes e outra muito pobre com mais de três milhões e meio; a beleza natural desta cidade é visível nas montanhas que a circundam, no Atlântico que a sobraça, nas baías que a penetram e nas praias que a rodeiam; WATERFRONT, VITORIA HARBOUR, TABLE MOUNTAIN, HEAD LION, CAMPS BAY, SEA POINT e DISTRICT SIX são, entre outros, os ex-libris duma cidade alegre, bonita e cosmopolita, em que convivem pacificamente pessoas de raças e credos muito diferentes; a Cidade do Cabo é hoje uma cidade central de Congressos mundiais e internacionais aonde afluem, com regularidade, investigadores, médicos, artistas, economistas, cientistas e políticos de todo o mundo. Constatei, por exemplo, a visita oficial do Presidente PUTIN, acompanhado duma multidão de empresários russos, prontos para, sem receio, procederem a vultuosos investimentos nesta cidade e no território Sul-africano.

Viver na Cidade do Cabo é, sem exagero, estar a viver numa qualquer cidade do mundo mais desenvolvido. Cape Town é uma cidade atraente; tão atraente que, como consequência disso, pode estar a padecer de dois males incontornáveis: subida acelerada do custo de vida e proliferação de uma multidão de imigrantes provenientes de outras zonas do País e de países fronteiriços, concentrados sem condições nas chamadas townships. Receio bem que as townships (bairros da lata) se possam transformar numa panela de alta pressão que, a explodir, degenere num clima de incontrolável e perigosa convulsão social. O Governo Sul-africano está atento mas é latente a ameaça de graves tumultos a partir desta problemática área dos subúrbios da cidade.

Ir à Cidade do Cabo não é apenas ficar pela cidade e arredores. É também ir ao seu admirável countryside e percorrer Chapman’s Peak Drive, Hout Bay, Cape Point, Cape of Good Hope, Penguin Colony e Kirstenbosch Botanical Gardens; é deslumbrar-se com False Bay e com a simpática vila de Hermanus e é fazer uma prova de vinhos nas WINELANDS; mas é também ir a ROBBEN ISLAND conhecer a cela número 5 da prisão-museu e perceber as condições penosas em que Nelson Mandela viveu durante 18 anos na luta que travou contra o apartheid, na defesa de uma outra República Sul-africana, livre e democrática, e onde todos pudessem viver em paz, com os mesmos direitos, oportunidades e obrigações.

Visitei demoradamente THE CAPE OF GOOD HOPE e não consegui ficar indiferente. Comovi-me. Gostei por uma vez de ser português e senti-me orgulhoso dos meus compatriotas que, antes de todos os outros, por lá passaram há mais de quinhentos anos. Que a determinação de Bartolomeu Dias e de Vasco da Gama nos pudessem, hoje, servir de inspiração positiva para a redescoberta de um País que deixasse de vez o CABO DAS TORMENTAS em que tem estado penosamente mergulhado e passasse em definitivo para além do CABO DA BOA ESPERANÇA …

terça-feira, setembro 26, 2006

NÃO BATAM MAIS NO CEGUINHO


Não há dia nenhum em que um governante, um gestor, um patrão ou um órgão de comunicação social não venha a público vociferar contra o excesso de funcionários públicos. Todos, sem excepção, dizem que os há a mais e que o Orçamento do Estado não pode reequilibrar-se devido ao excesso de tão nefastas criaturas.

Até as altas individualidades do COMPROMISSO PORTUGAL quase que não encontraram tema mais aliciante senão o de, também eles, os trazer à colação, sentenciando-lhes o despedimento, duma assentada, de cerca de duzentos mil. Que originalidade para quem, de barriga cheia, assim fala!!! Limitaram-se a tratar de assuntos requentados, a tratar da segurança social como negócio estratégico dos seus interesses pessoais e empresariais para os próximos anos e a nada dizerem quanto ao que, com o seu dinheiro, eram capazes de fazer para que o nosso País enveredasse por modelos de desenvolvimento diferentes daqueles que, com desavergonhada incompetência, andaram, anos a fio, a por em prática com os resultados que todos conhecem.

Irrita-me sobremaneira que se ligue sistematicamente o problema do défice das contas públicas apenas aos funcionários públicos. Não aguento mais esta lengalenga dos instruídos do costume, quer daqueles que, ao longo dos últimos trinta anos, foram os seus recrutadores-mor (refiro-me aos detentores do poder político), quer daqueles que, de carteira recheada, se vão limitando a falar apenas do que está mal, a fazerem os diagnósticos que já todos conhecem, sem nunca apontarem caminhos diferentes de desenvolvimento que eles próprios assumidamente queiram seguir. Que conclusões inovadoras advieram, por exemplo, do último fórum do COMPROMISSO PORTUGAL? Que desilusão para quem se diz tão iluminado!!!

O problema das contas do Estado resolve-se com o desenvolvimento da economia e a adopção de medidas de contenção da despesa pública. O desenvolvimento da economia do País compete à livre iniciativa dos cidadãos e aos empresários e gestores, actuais e futuros; a contenção da despesa pública compete aos políticos.

O que devem fazer os políticos? Tornar mais leve o sistema democrático em sentido amplo. Como? Esquecer, de vez, a actual e fazer uma nova Constituição; diminuir o número de Órgãos de Soberania e afins (para que servem o Tribunal Constitucional e o Conselho de Estado, por exemplo?); diminuir para um terço o staff político de apoio do Presidente da República, da Assembleia da República, do Governo da República, dos Governos Regionais e dos Órgãos Autárquicos; diminuir o número de deputados para metade do existente; diminuir também para metade o número de membros do Governo (inseridos na União Europeia para que servem tantos membros do Governo? Só servem para se atropelarem uns aos outros e emperrarem o bom andamento do País); diminuir substancialmente o número de freguesias e concelhos bem como o número de vereadores, deputados municipais e membros das assembleias de freguesia; reduzir, enfim, o Estado ao Estado mínimo necessário, excluindo-se da sua esfera de acção tudo o que sejam empresas de capitais públicos e confiando-se ao sector privado o exercício de grande parte das funções que ainda estão erradamente a seu cargo, nas áreas da saúde, educação, transportes e serviços prisionais.

Haverá coragem para isso? Com os políticos que temos tenho sérias dúvidas...