terça-feira, setembro 25, 2007


QUE INTERESSES MOVEM A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL?

Tomei agora mesmo conhecimento de que a Federação Portuguesa de Futebol decidiu não sancionar Luís Filipe Scolari. Soube ainda que, além de o não ter afastado pela falta grave que cometeu no fim do jogo Portugal-Sérvia, decidiu reiterar-lhe confiança no cargo de Seleccionador Nacional e, pasme-se, apoiá-lo jurídica e politicamente no recurso que aquele Senhor interpôs junto da UEFA a propósito da sua suspensão por quatro jogos. Fiquei, como cidadão, indignado com esta decisão de Gilberto Madaíl e seus pares na Direcção da Federação. É o cúmulo da iniquidade e é caso para se pensar que, nos meandros daquela entidade desportiva, o crime às vezes compensa, como é o caso presente, e outras penaliza, como foram os casos de Sá Pinto, João Pinto, Abel Xavier e de muitos outros atletas de que não me ocorrem agora os nomes.

Falando os factos por si e não havendo, por isso, outros comentários a fazer, atrevo-me, no entanto, a formular as seguintes perguntas ao Sr. Dr. Gilberto Madaíl: será possível dar conhecimento público dos relatórios que foram apresentados pela Federação junto da UEFA e dos relatórios desta entidade que estiveram na base da sanção de quatro jogos que impenderam sobre Luís Filipe Scolari? Será possível conhecer o processo disciplinar que o relator da Federação elaborou a propósito do acto irreflectido do Seleccionador Nacional? Por que razão houve, desde o início, uma intenção de se branquear tão grave comportamento? Que interesses económicos e desportivos moveram e movem a Federação para que um acto desta natureza pudesse passar sem sanção ao nível do País? Que autoridade moral tem esta Federação para, no futuro, punir casos desta ou de menor gravidade que venham a ocorrer com outros atletas e técnicos de Clubes ou ao serviço desta mesma Federação?

Faltando apenas quatro jogos para que o apuramento se realize acha o Senhor Presidente da Federação que Filipe Scolari tem autoridade e condições psicológicas para bem dirigir, fora do banco, os jogos que é obrigatório ganhar? Nada assim tanto em dinheiro esta Federação para se permitir manter os custos de um seleccionador que, tendo sido punido pelas mais altas instâncias europeias do futebol, está disciplinarmente impedido de exercer em pleno as suas obrigações contratuais? Se o apuramento falhar, de quem é a responsabilidade? Do Seleccionador que só trabalha a meio termo, ou do Presidente da Federação que foi, desde o início, cúmplice no branqueamento dos disparates daquele Senhor?

segunda-feira, setembro 24, 2007

DEVE SCOLARI DEIXAR A SELECÇÃO NACIONAL?


A falta que Luís Filipe Scolari cometeu no fim do jogo Portugal-Sérvia foi uma falta muito grave. Tão grave que deveria ter dado origem a uma de duas atitudes: demissão a pedido do próprio, ou despedimento, por justa causa, a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Todos sabemos que nenhum destes caminhos foi seguido quer por um quer por outro. O empregado Luís Filipe, agarrado ao poder e às benesses que a função lhe atribuía, não pediu a demissão, renegou ainda a quente a agressão que todo o mundo viu, deu, umas horas depois, o dito por não dito, pediu desculpa pelo erro cometido e, sancionado pela UEFA com quatro jogos de suspensão, decidiu interpor recurso dessa punição, alegando estar a ser vítima de um castigo desproporcionado. O empregador Gilberto Madaíl, encolhido na concha de interesses que o comum dos mortais não conhece, ignorou praticamente o incidente e tentou mesmo branqueá-lo junto das altas esferas do futebol europeu. Sublime, não acham?

Confesso que nunca gostei deste Seleccionador Nacional e já o escrevi neste espaço, numa época em que aquele senhor ainda estava em estado de graça junto da generalidade dos portugueses. Desde sempre me irritou a forma como se relacionava com os portugueses e os clubes. Scolari foi, sem razão, especialmente agressivo com o Futebol Clube do Porto, arrogante com os jornalistas que dele discordavam e paternalista doentio com os portugueses que nele ingenuamente confiavam. Sempre me indignei com a forma como Scolari se dirigia aos portugueses, quando, do alto do seu pedestal, os tratava como se todos fossem uma cambada de analfabetos, integrantes de um País subdesenvolvido e menor. Há quem o ache um líder de primeiro plano. Para mim é um chefe sem classe, é um capataz de gente amorfa, é um sargento do tipo brutamontes. Mas também não gostei dele por razões de ordem técnica. Não foi capaz de aproveitar com sucesso os jogadores de craveira internacional que foram postos à sua disposição, não foi isento na escolha dos melhores profissionais de cada momento, tem sido inapto na formação de uma equipa renovada. Desaparecida a equipa base de José Mourinho tem-se visto “grego” para formar uma equipa ganhadora. Os resultados estão à vista: Portugal nunca ganhou nada e está a correr sérios riscos de não se apurar para o próximo Campeonato da Europa.

Luís Filipe Scolari não tem hoje condições para continuar no exercício das suas funções em Portugal. A falta que cometeu é muito grave, fragilizou-o para os próximos tempos. Um comandante debilitado torna fracos os seus comandados, é um derrotado à partida. Por isso, ou inteligentemente se afasta ou tem que ser afastado. Não falta, em Portugal, quem seja capaz de fazer melhor nesta fase crítica de apuramento da Selecção Nacional para o Europeu de 2008. Mourinho não disse, um dia destes, que, numa situação de emergência, se dispunha a sobraçar o cargo de Seleccionador Nacional? De que está à espera Senhor Presidente da Federação Portuguesa de Futebol? Que causas justificam a sua inadmissível hesitação, Senhor Dr. Gilberto Madaíl? Por favor, esclareça-nos...