terça-feira, abril 08, 2008

PONTO DE PARTIDA.PONTO DE CHEGADA


Gosto dos Estados Unidos da América. Não aprecio especialmente o actual Presidente mas sou um dos que muito admira o povo americano e, de um modo geral, a maioria dos seus políticos. Por muitos defeitos que por lá haja, por muito acentuadas que ali sejam as diferenças sociais, aquele imenso País é um País onde vale a pena viver. Quem for capaz de ser diferente, quem tiver sonhos, quem for competente para, por si só, vencer na vida, quem se sentir habilitado para construir o seu próprio futuro, encontrará nos Estados Unidos o local apropriado para a concretização dos projectos que idealizou. A capacidade criativa do povo americano, a sua organização, a facilidade com que cada cidadão é capaz de criar o seu próprio trabalho e daí partir para a construção de um imenso império empresarial, é algo que está intrinsecamente metido na raiz de um povo de que não vejo paralelo no mundo.

Nos Estados Unidos ninguém está, por sistema, à espera de que o Estado protector cuide de nós, nos arranje um emprego ou resolva os problemas individuais que a cada um urge resolver; nos Estados Unidos o Estado é que espera tudo do cidadão. País supremo das liberdades individuais, País modelo da forma como funciona a democracia, País de oportunidades para quem for capaz de as aproveitar ou construir, ali não se passa a vida a dizer mal de tudo, ali não há tempo para se ter inveja do vizinho que progride, ali só há tempo para que cada um procure construir o futuro por que anseia; ali ninguém perde tempo à espera que o destino lhe traga o conforto que deseja, ali a felicidade é um dever que compete a cada um procurar, ali o bem-estar social não é um direito que se reivindique gratuitamente ao Estado, ali o bem-estar de cada um conquista-se com o trabalho de cada dia, de todos os dias.

Gosto, como disse, dos Estados Unidos da América, do seu povo e da forma como constrói a sua vida e a vida de todos os americanos; aprecio especialmente o modo como este povo invulgar gosta do País e o defende na paz e na guerra, no êxito e na adversidade; admiro as suas liberdades individuais, a sua capacidade de iniciativa, a luta por uma vida melhor, a maneira como interpreta a democracia, a forma competitiva como enriquece, a forma como torna desenvolvido o País que é o seu e de que empenhadamente se orgulha.

Nos Estados Unidos já se é rico quando se chega à política, e a política não é o meio de se ser rico. Nos Estados Unidos o exercício de um cargo político é sempre um ponto de chegada, nunca, por sistema, um ponto de partida; ser-se político é, nos Estados Unidos, um tempo de nobre dedicação à causa pública, à causa de todos os americanos.

E em Portugal? Como é entendida no nosso País a política? Ao contrário dos Estados Unidos da América, em Portugal a política raramente é um ponto de chegada; aqui a política é instrumental, é quase sempre um ponto de partida, é, sobretudo, um modo de vida ao serviço de quem a exerce, é uma profissão como outra qualquer, é um meio habilidoso de depressa se ser notável e notado, é uma forma rápida de se ser rico, de se obter riqueza ou de, sem decoro, se conseguir, antes da idade da maioria dos portugueses, uma reforma dourada para todo o resto de vida. Em Portugal não há ética na política. Nos EUA há ética e há princípios.

2 comentários:

Anónimo disse...

PARA QUE A PLEBE SAIBA:

Fernando Nogueira:
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola

José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)

Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho Executivo da FLAD

Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do BCP

Paulo Teixeira Pinto:
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do BCP (Ex. - Depois de 3 anos de "trabalho", Saiu com 10 milhões de indemnização !!! e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer...)

António Vitorino:
Antes -Ministro da Presidência e da Defesa
Agora -Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta - (e ainda umas "patacas" como comentador RTP)

Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD

José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES

João de Deus Pinheiro:
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do CA do Banco Privado Português.

Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação -
Agora - Vogal do CA do BES

Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.

etc etc etc...



O que é isto ?
- Não, não é a América Latina, nem Angola. É Portugal no seu esplendor .


cunha ?

gamanço ?


...e depois este ESTADO até quer que se declarem as prendas de casamento e o seu valor .

Anónimo disse...

Há, dentre outros, dois casos exemplares acerca da forma como se enriquece em Portugal com o exercício espúrio da política: Joaquim Pina Moura e Jorge Coelho.
O primeiro passou a ser, nos tempos modernos, uma espécie de regente económico do reino de Espanha; o segundo, tido como moralista-mor do PS, abandonou o PONTO DE PARTIDA da política e instalou-se faustosamente no PONTO DE CHEGADA de um dos grandes grupos de construção civil de Portugal.