O PRINCÍPIO DE PETER
Muitas vezes me tenho perguntado sobre se o actual Presidente do Partido Social-democrata reúne condições para ganhar as eleições legislativas de 2009. Quanto mais me pergunto mais dúvidas tenho e não há meio de me libertar definitivamente delas. Para ser sincero já não acredito muito na capacidade política de Meneses para, como líder do PSD, vencer as eleições do ano que vem e formar um Governo alternativo ao do Primeiro-ministro José Sócrates.
Transcorridos que foram alguns meses desde que foi directamente eleito pelas bases do PSD, o que fez Meneses de relevante até hoje? Que estratégica de Governo já apresentou aos portugueses para que comecem a surgir os primeiros sinais de uma viragem política para o acto eleitoral de 2009? Que visão tem para o País, quais as grandes linhas de governo por que pautará a acção governativa no caso de vir a ser Primeiro-ministro? Pensa governar Portugal com elites e as bases do PSD, ou apenas com as bases que o elegeram? Se com ambas, que novas elites independentes e do PSD estão disponíveis para, em conjunto, trabalharem no processo de mudança política do País? Estará Luís Filipe Meneses rodeado das pessoas mais indicadas? Em consciência sentir-se-á Meneses habilitado para o cargo Primeiro-ministro de Portugal? Estará a pessoa do Presidente do PSD de bem consigo mesmo, consciente de que a sua vida será, mais cedo ou mais tarde, rebuscada de alto a baixo, à semelhança do que tem acontecido com Sócrates e todas as figuras públicas do nosso País? Estará Filipe Meneses emocionalmente preparado para combates de carácter, do tipo daqueles que, sem êxito, tanto assolaram Francisco Sá Carneiro?
Filipe Meneses tem, inegavelmente, qualidades pessoais, é um homem culto, teve e exerceu uma profissão de evidente relevo social antes de se dedicar a tempo inteiro à actividade política, tem sido um homem determinado relativamente aos projectos a que dedicou boa parte da sua vida, venceu quase sempre as lutas em que se envolveu e tem, sobretudo, uma obra notável à frente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Filipe Meneses tem tudo isso e tem também uma assinalável experiência política como governante, como deputado, como dirigente partidário e como Presidente de uma das maiores autarquias de Portugal. Apesar de tudo isso, e a avaliar pelas sondagens que têm vindo a público, não há meio de Meneses convencer o País de que é melhor do que José Sócrates, e de que pode formar um Governo de qualidade superior ao Governo do actual Primeiro-ministro. Porquê? Terá já Filipe Meneses pensado nas razões que fazem com que os portugueses não tenham vindo a aderir à sua causa?
São muitas as causas que poderão estar na base dos baixos índices de popularidade de Filipe Meneses. O povo gosta, com efeito, de líderes consistentes, determinados, que se orientem, na política como na vida privada, por objectivos claros em cuja concretização todos acreditem. Ora Meneses não tem sabido ser um líder forte, a sua liderança tem vindo a ser uma liderança frágil de duas pessoas; o povo aprecia um líder que seja capaz de dinamizar multidões, decidido, com visão estratégica, com autoridade mas sem ser autoritário. Meneses não tem sabido ser suficientemente mobilizador, ainda não apresentou uma ideia que estimulasse o País, tem-se visto confrangedoramente perdido ao sabor dos acontecimentos, e inutilmente entretido com as quotas, os símbolos, as cores e as setas do seu Partido, de interesse nulo para um povo que anseia por coisas de uma dimensão diferente; o povo quer para Primeiro-ministro uma pessoa de indiscutível estatuto, coerente de princípios, sólida de carácter, impoluta de comportamento. Nesta matéria Meneses terá que, muito claramente, dizer aos portugueses o que tem sido a sua vida, se enriqueceu com o exercício da política, se é coerente entre o que diz e o que faz, se tem uma visão política global para o desenvolvimento do País, e qual. O povo precisa de saber, de uma vez por todas, se o candidato do PSD é uma espécie de segunda versão falhada de Sócrates ou de Santana Lopes, ou se é uma edição moderna de Francisco Sá Carneiro ou de Aníbal Cavaco Silva. Compete a Meneses dizê-lo.
Será que por causa de uma candidatura de êxito duvidoso a Primeiro-ministro de Portugal se vai perder para sempre um autarca de obra feita? Que dirão os munícipes de Vila Nova de Gaia?
3 comentários:
Luís Filipe Meneses tem sido um excelente Presidente de Câmara. Fez de Gaia aquilo que era impensável fazer-se quando lá chegou. Vale a pena viver em Gaia ou nas áreas litorâneas do seu concelho. A qualidade de vida que por lá se verifica deve-se a ele.
Mas uma coisa é ser Presidente de Câmara, outra é querer ser e ser Primeiro-ministro. Meneses não tem maturidade emocional que o recomende para ser o Chefe de um Governo de Portugal. Meneses não é empático, não mobiliza os portugueses, padece com frequência de crises de uma inaceitável infantilidade comportamental.
Espera-se que, num acto de bom senso, Luís Filipe Meneses retome a ideia de continuar a obra que tem vindo a fazer em Vila Nova de Gaia, deixando-de da obsessão doentia de querer ser o futuro Primeiro-ministro de Portugal. Para bem de Gaia, do País e, especialmente, dele próprio.
Recuemos 20 anos e vemos FM a afirmar peremptoriamente na AR que todas as colheitas de sangue realizadas em Portugal eram submetidas ao teste da SIDA, então em grande discussão, pois tal tinha sido posto em dúvida. O ar peremptório, para agradar à então MS Leonor Beleza, foi desfeito facilmente por um deputado presente: o que sabe um Pediatra,que nunca exerceu pediatria em Portugal, sobre o que é feito em todos os chamados Serviços de Sangue? Fez-se o silêncio. Não houve resposta. Inquéritos da Inspecção Geral de Saúde revelaram que na altura havia
completa anarquia em relação ao problema em causa. Teve que haver imenso investimento e nova legislação (criação do Instituto Português do Sangue) para que hoje possamos estar seguros. Tudo vem escrito em DR e mais uma vez se viu que FM falava absolutamente de cor e sem fazer a menor ideia. Não se passará isto em muitas outras opiniões, que variam de semana para semana?
Nas eleições para Presidente da Câmara propalou a todos os gaienses que tinha feito um litoral único no país, com passadeiras na praia de 15 km em todo o litoral. Obra sua e só sua. Afinal trata-se do programa POLIS que existe no distrito de Aveiro, de Coimbra e em muitos outros.
Enfim, é FM!
Muito bem. Meneses, entre muitas outras, deve ter lido esta análise à sua actuação, como Presidente do PSD, acabando por tomar a atitude certa. Espero que não tenha a veleidade de se recandidatar. É que se se recandidatar é quase certo que ganhe.
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