MALÁSIA, UMA AGRADÁVEL SURPRESA
Nunca imaginei que, aos olhos de um europeu distante da realidade asiática, a Malásia pudesse já ter o estado de desenvolvimento económico e social que me foi dado observar pessoalmente durante os quatro dias de férias que lá passei há duas semanas atrás. Apreciei as suas belezas naturais, impressionou-me a sua pujança económica, surpreendeu-me a sua organização política, agradou-me o convívio sadio das etnias que compõem aquele jovem Estado.
A Malásia é, desde 1957, uma monarquia constitucional composta por 13 estados, dos quais 9 são sultanatos regidos por um sultão, e 4 são territórios governados, durante 4 anos, por um governador saído de eleições democráticas. Se o poder do dia a dia está nas mãos de um Primeiro-ministro escolhido pelo povo em eleições livres, o verdadeiro símbolo da soberania malaia é essencialmente a figura do Rei. Dum Rei que, ao contrário do que é habitual nas monarquias tradicionais, não é um rei para toda a vida; dum rei que o é apenas pelo período de 5 anos, em sistema de rotação e depois de eleito dentre cada um dos sultões que reinam nos 9 sultanatos da Malásia. Se o Rei, o Primeiro-ministro, o Parlamento e os Tribunais representam, na Malásia, os poderes clássicos de uma qualquer monarquia constitucional ou de um Estado Republicano, o Rei e o Primeiro Ministro são, na prática, os que detêm maior visibilidade e o poder efectivo do dia a dia: o primeiro como símbolo nacional e internacional da própria soberania malaia, o segundo como símbolo do poder efectivo, daquele poder que, de facto, mexe com o País e bole com as populações.
A Malásia é, no concerto de uma economia global, um País rico. O turismo, os recursos naturais (a Malásia é o maior produtor mundial de estanho), os produtos agrícolas (primeiro produtor mundial de borracha e óleo de palma), os produtos manufacturados e especialmente o petróleo são a base de uma economia sólida que se tem vindo a sustentar nas relações comerciais que os diversos governos souberam desenvolver com perfeição com os Estados Unidos da América, a República Popular da China, o Japão e os chamados tigres asiáticos. A Malásia tem recursos próprios, cultiva-os, acrescenta-lhes valor e sabe vendê-los na perfeição ao mundo em geral e àqueles países em particular.
Kuala Lumpur, capital da Malásia, é uma cidade de dois milhões de habitantes que impressiona pelo bulício das suas actividades, pela sumptuosidade dos edifícios modernos que por ela se espalham, pela imponência das suas Torres Gémeas e da Torre Menara, pela grandiosidade dos seus monumentos, templos, mesquitas e palácios, pela grandiloquência dos seus arranha-céus, pelos sinais de uma economia que fervilha por toda a parte, pela tranquilidade afável das suas populações multiétnicas. Kuala Lumpur é uma grande metrópole do oriente asiático que se manifesta, desde logo para quem lá chega, pela imponência acolhedora do seu próprio aeroporto internacional.
Independentemente do que atrás se descreve, e que é do domínio comum, há outros aspectos peculiares de que não posso deixar de realçar um ou outro. É, por exemplo, o caso das três principais etnias que por lá coexistem pacificamente e é o caso três religiões que aí se praticam. A etnia malaia, a etnia chinesa e a etnia hindu constituem a base da população da actual Malásia numa relação aproximada de 60%, 30% e 10%, respectivamente, e em que a prática da religião se faz exactamente na mesma proporção de culto.
Se a religião oficial do Estado é uma religião islâmica de saudável tolerância, o budismo dos chineses ou o hinduísmo das populações indianos são também religiões que se praticam ao longo do Estado malaio sem nenhuma espécie de dificuldade. Mesquitas, templos budistas e templos hindus coexistem, por isso, lado a lado, sem nenhuma ponta de hostilização de quem os frequenta. Apesar de tudo quem for um fiel de Maomé tem outras possibilidades: o emprego é mais fácil e rápido dado que é obrigatório que todas as empresas empreguem, pelo menos, 30% do total de postos de trabalho. E se alguém não for muçulmano e quiser contrair matrimónio com uma pessoa muçulmana só o poderá fazer se se converter previamente à religião do profeta Maomé; se não o fizer fica legalmente impedido de se casar. É uma lei civil ainda fortemente coagida pelas imposições oficiais de um Corão que, apesar de tudo, é muito mais tolerante por aquelas bandas do que o é por outros países de cultura e religião igualmente islâmicos.
Gostei de ter ido à Malásia, gostei de ter convivido de perto com as suas populações, emocionei-me especialmente com o facto de em Malaca, passados que foram cinco séculos, ainda haver quem por ali compreenda o português. Por isso, hei-de lá voltar de novo.
A Malásia é, desde 1957, uma monarquia constitucional composta por 13 estados, dos quais 9 são sultanatos regidos por um sultão, e 4 são territórios governados, durante 4 anos, por um governador saído de eleições democráticas. Se o poder do dia a dia está nas mãos de um Primeiro-ministro escolhido pelo povo em eleições livres, o verdadeiro símbolo da soberania malaia é essencialmente a figura do Rei. Dum Rei que, ao contrário do que é habitual nas monarquias tradicionais, não é um rei para toda a vida; dum rei que o é apenas pelo período de 5 anos, em sistema de rotação e depois de eleito dentre cada um dos sultões que reinam nos 9 sultanatos da Malásia. Se o Rei, o Primeiro-ministro, o Parlamento e os Tribunais representam, na Malásia, os poderes clássicos de uma qualquer monarquia constitucional ou de um Estado Republicano, o Rei e o Primeiro Ministro são, na prática, os que detêm maior visibilidade e o poder efectivo do dia a dia: o primeiro como símbolo nacional e internacional da própria soberania malaia, o segundo como símbolo do poder efectivo, daquele poder que, de facto, mexe com o País e bole com as populações.
A Malásia é, no concerto de uma economia global, um País rico. O turismo, os recursos naturais (a Malásia é o maior produtor mundial de estanho), os produtos agrícolas (primeiro produtor mundial de borracha e óleo de palma), os produtos manufacturados e especialmente o petróleo são a base de uma economia sólida que se tem vindo a sustentar nas relações comerciais que os diversos governos souberam desenvolver com perfeição com os Estados Unidos da América, a República Popular da China, o Japão e os chamados tigres asiáticos. A Malásia tem recursos próprios, cultiva-os, acrescenta-lhes valor e sabe vendê-los na perfeição ao mundo em geral e àqueles países em particular.
Kuala Lumpur, capital da Malásia, é uma cidade de dois milhões de habitantes que impressiona pelo bulício das suas actividades, pela sumptuosidade dos edifícios modernos que por ela se espalham, pela imponência das suas Torres Gémeas e da Torre Menara, pela grandiosidade dos seus monumentos, templos, mesquitas e palácios, pela grandiloquência dos seus arranha-céus, pelos sinais de uma economia que fervilha por toda a parte, pela tranquilidade afável das suas populações multiétnicas. Kuala Lumpur é uma grande metrópole do oriente asiático que se manifesta, desde logo para quem lá chega, pela imponência acolhedora do seu próprio aeroporto internacional.
Independentemente do que atrás se descreve, e que é do domínio comum, há outros aspectos peculiares de que não posso deixar de realçar um ou outro. É, por exemplo, o caso das três principais etnias que por lá coexistem pacificamente e é o caso três religiões que aí se praticam. A etnia malaia, a etnia chinesa e a etnia hindu constituem a base da população da actual Malásia numa relação aproximada de 60%, 30% e 10%, respectivamente, e em que a prática da religião se faz exactamente na mesma proporção de culto.
Se a religião oficial do Estado é uma religião islâmica de saudável tolerância, o budismo dos chineses ou o hinduísmo das populações indianos são também religiões que se praticam ao longo do Estado malaio sem nenhuma espécie de dificuldade. Mesquitas, templos budistas e templos hindus coexistem, por isso, lado a lado, sem nenhuma ponta de hostilização de quem os frequenta. Apesar de tudo quem for um fiel de Maomé tem outras possibilidades: o emprego é mais fácil e rápido dado que é obrigatório que todas as empresas empreguem, pelo menos, 30% do total de postos de trabalho. E se alguém não for muçulmano e quiser contrair matrimónio com uma pessoa muçulmana só o poderá fazer se se converter previamente à religião do profeta Maomé; se não o fizer fica legalmente impedido de se casar. É uma lei civil ainda fortemente coagida pelas imposições oficiais de um Corão que, apesar de tudo, é muito mais tolerante por aquelas bandas do que o é por outros países de cultura e religião igualmente islâmicos.
Gostei de ter ido à Malásia, gostei de ter convivido de perto com as suas populações, emocionei-me especialmente com o facto de em Malaca, passados que foram cinco séculos, ainda haver quem por ali compreenda o português. Por isso, hei-de lá voltar de novo.
1 comentário:
Admirável descrição. Depois de ler o que li até me apatece lá ir de imediato.
Pena foi que não tivesse falado mais de Malaca e da presença dos portugueses naquela região do mundo. Será atrevimento da minha parte pedir que o faça?
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