terça-feira, maio 13, 2008

UM ESTÁDIO HELÉNICO


Nunca aceitei que a final da taça de Portugal tivesse sempre lugar no Estádio Nacional. Impressionou-me, por isso, muito mal que o actual Secretário de Estado do Desporto tivesse feito a apologia deste Estádio como palco de jogo do próximo dia 18 de Maio. Dizia aquele responsável político que também devemos viver de símbolos, de momentos mágicos, sendo que aquele Estádio é um dos símbolos de maior magia do nosso País. Mas a que raio de símbolo mágico se refere Laurentino Dias? Será este senhor um dos nostálgicos do regime político que, há décadas, fez daquele Estádio uma referência mor do poder que nos subjugou durante quarenta anos? É que nos tempos de hoje o Estádio Nacional, por muito helénico que lhe pareça, só me faz recordar Salazar, o centralismo político, administrativo e desportivo de Lisboa, bem como a obrigação quase patriótica de que o vencedor da Taça de Portugal devesse ser sempre um dos três clubes da capital.

No passado longínquo apenas teria justificação que uma final se pudesse realizar no Jamor se os contendores fossem da cidade de Lisboa. Não o sendo, a equidade desportiva esteve, na minha opinião, quase sempre em causa. Uma coisa é um clube de Lisboa jogar naquele estádio, outra, bem diferente, é um clube do norte, do sul, do Funchal ou até mesmo da cidade de Setúbal, ter que jogar naquele lugar. As circunstâncias da disputa são objectivamente diferentes e a verdade desportiva, pode, por isso, ficar á partida viciada.

Para o Benfica ou para o Sporting disputar uma final no Estádio do Jamor é, na prática, o mesmo que a disputar no Estádio da Luz ou no Estádio José de Alvalade, com todos os sócios e adeptos ali mesmo à mão de semear. Não é o mesmo para o Futebol Clube do Porto, para o Boavista, para o Braga, para o Marítimo ou para o Vitória de Setúbal. Para estes clubes disputar uma final em Oeiras é, na prática, o mesmo que a disputar no campo do adversário. Ou não será assim? Não estarão os sócios dos clubes que visitam Lisboa em condições económicas muito mais desfavoráveis? Não seria mais justo, mais democrático que o campo de jogo de uma final da Taça de Portugal ocorresse sistematicamente num local neutro e que acarretasse sacrifícios similares para os adeptos de ambas as equipas finalistas? Não será um disparate pegado realizar-se uma final no Jamor quando os adversários pertencem a outras cidades que não a cidade de Lisboa?

A disputa da final da Taça de Portugal do próximo dia 18 de Maio no Estádio Nacional vai ser uma luta em que as circunstâncias desportivas e económicas favorecem claramente o clube de Lisboa. O Sporting Clube de Portugal vai jogar a final ali ao lado do seu próprio Estádio, com os seus sócios, com mais adeptos, sem outros custos senão os que apenas vão decorrer da compra do bilhete de acesso ao jogo.

Muitos sócios e adeptos do actual campeão nacional gostariam de, ao vivo, assistir ao jogo do próximo Domingo. Não o vão poder fazer pela própria dificuldade da deslocação, por acharem desgastante fazerem 700 quilómetros num só dia e por não estarem disponíveis para as despesas que teriam forçosamente de resultar dessa mesma deslocação; iriam, certamente, se o jogo fosse realizado em Coimbra ou em Leiria, num estádio moderno, confortável e em condições de sacrifício económico exactamente iguais para os adeptos do Futebol Clube do Porto e do Sporting Clube de Portugal. Sendo o jogo no Estádio Nacional, infelizmente não vão.

Já agora por que é que a Selecção Portuguesa de Futebol não realiza os jogos internacionais no Estádio do Jamor?

2 comentários:

Anónimo disse...

Sou um dos sócios do Futebol Clube do Porto que não vai ao Estádio de Oeiras porque não tenho orçamento que me permita ter despesas para além do custo do bilhete do jogo. Neste aspecto os sócios do Sporting estão a ser altamente favorecidos e isso não é justo.
Espero que que ocorra um grande espectáculo, de peito feito e sem receios de nenhuma espécie,com uma arbitragem isenta.
Nada de empates, muitos golos e que o vencedor seja o meu FCP.

Anónimo disse...

Lembram-se de Mário Luís? Era um árbitro da Associação de Futebol de Santarém que arbitrou uma final da Taça de Portugal entre o SCP e o FCP. O resultado foi favorável ao Sporting com o resultado final de 2-1, após uma arbitragem irregular e altamente tendenciosa.
Mário Luís ficou para a história conhecido como O CHINÊS. Sabem porquê? Porque na segunda-feira imediatamente a seguir ao jogo seguiu para a China com a comitiva do Sporting, de verde vestido e com fato à medida, tal e qual os restantes elementos da referida comitiva.
Que pensará deste episódio o Dr António Dias da Cunha? E o que dirá a Dra Maria José Morgado? Não terá havido aqui corrupção?