SALPICOS DE UMA ENTREVISTA MAL ENGENDRADA
A entrevista que o licenciado José Sócrates concedeu, ontem noite, à RTP, não me convenceu. Pecou, desde logo, por ter sido feita na televisão pública, exactamente na estação que o próprio Primeiro-ministro tutela, e por jornalistas que, por via disso, se encontravam subconscientemente condicionados. Uma entrevista desta natureza só deveria ter sido feita numa das estações privadas e pelos próprios jornalistas que estiveram na génese dos factos que lhe deram origem. Como tudo teria sido diferente se esta entrevista tivesse sido feita pelos jornalistas do Público, Expresso e Rádio Renascença, ainda que na televisão pública!!!
O exercício do contraditório teria sido, de resto, a melhor forma de o Primeiro-ministro se defender das acusações de que fora alvo. José Alberto Carvalho e Maria Flor Pedroso, porque não conheciam a fundo o problema, nunca conseguiram encontrar o rumo certo, revelaram desfasamento e preparação insuficiente, mais parecendo ter necessidade de fazerem o frete ao Governante em dificuldades do que contribuírem para o cabal esclarecimento dos portugueses. Foi pena.
Ressaltam da entrevista algumas ideias-chave, que urgiria clarificar melhor. Ei-las, dentre outras: José Sócrates permitiu-se utilizar indevidamente, anos a fio, o título de Engenheiro sem que para isso estivesse devidamente habilitado; não ficou claro como foram obtidas as equivalências e se as mesmas foram objecto de rigoroso escrutínio pelo Conselho Científico da Universidade; não se compreende por que houve apenas um professor para quatro disciplinas, e o próprio reitor para a cadeira de Inglês Técnico, à revelia do professor desta cadeira; é esquisito que o aluno José Sócrates tenha obtido o direito às equivalências sem apresentação prévia, junto dos serviços competentes, do certificado das cadeiras que terá feito nos Estabelecimentos de Ensino onde foram ministradas; não se sabe como foram dadas as aulas práticas das cinco disciplinas que este aluno diz ter feito na Universidade Independente; ignora-se o que têm a dizer acerca desta embrulhada os colegas do aluno José Sócrates bem como os professores, Conselho Científico e pessoal da secretaria da Universidade; seria interessante conhecer a opinião da Ordem dos Engenheiros acerca do nível técnico-científico desta licenciatura.
José António Verdade é um profissional de contabilidade muito competente, reconhecido no meio e com uma excelente carteira de clientes. Com a sua vida profissional perfeitamente estabilizada, José António acalenta hoje o sonho de ingressar na Faculdade de Economia de uma das Universidades Portuguesas, para aí tirar a licenciatura em Economia. Depois de conhecer a história universitária do Primeiro-ministro José Sócrates ficou tranquilo. Espera, sem apresentação prévia do certificado do curso que possui por um Instituto Superior de Contabilidade, que a Faculdade de Economia lhe aceite as indicações verbais que vai proporcionar, lhe faça um plano de equivalências e lhe indique as cadeiras que terá de frequentar para concluir a sua tão desejada Licenciatura em Economia. Será que vai ter sucesso?
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