terça-feira, abril 10, 2007


O MORALISTA-MOR DO REINO


Incomoda-me ouvir, quase todos os dias, o Senhor Luís Filipe Vieira. Fala muito, em toda a parte, de tudo e de todos, contra tudo e contra todos. Quem o ouve e não conheça o seu passado recente fica com a ideia de que se trata dum homem íntegro, acima de qualquer suspeita, tantas são as conversas que faz em torno das virtudes públicas de que se diz ser praticamente o único portador. Tudo em nome do seu Benfica, do clube que ele, para risota de toda a gente, diz ser o maior clube do mundo.

Fora do desporto ignoro o que seja o seu passado de cidadão e de empresário. Pelo dinheiro que parece ter, pelos sinais exteriores de riqueza de que dá mostras é, certamente, um dos homens ricos da sociedade portuguesa. Não tenho elementos nem me sinto com competência para ajuizar sobre se a riqueza que detém é obra de um trabalho sério. Admito que sim.

Não posso dizer o mesmo no que toca ao seu comportamento como Presidente do Sport Lisboa e Benfica. A postura deste Senhor tem sido inqualificável; o seu comportamento público grassa, por norma, a boçalidade, não é sério e é indigno da instituição desportiva que representa. Julgando-se ser dono absoluto da verdade insinua que o Benfica só não ganhou mais vezes nos últimos anos porque os árbitros não deixaram; que o Benfica tem sido sempre prejudicado e que os clubes rivais sistematicamente favorecidos, especialmente o Futebol Clube do Porto. Nunca fala das vezes em que o seu clube é despudoramente protegido, esquece sempre as vezes em que os clubes rivais são descaradamente prejudicados. O seu comportamento, próprio de um songamonga, não prestigia o clube que nele depositou confiança.

Na história do futebol português são três os clubes de referência nacional: Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto. Cada um teve o seu período de hegemonia. Ninguém esquece os anos de ouro dos cinco violinos do Sporting, ninguém contesta o poderio encarnando dos anos de Eusébio, ninguém deve por em dúvida a força do Futebol Clube do Porto das últimas três décadas. Ninguém, excepto o inefável Luís Filipe Vieira. Esse, detentor de todas as virtudes e moralista-mor do fenómeno desportivo do nosso País, acha que o Futebol Clube do Porto raramente ganhou com mérito no campo de jogo, entende que a sua força desportiva apenas se tem devido à decisiva influência que tem sabido exercer sobre os árbitros de futebol. Ao falar assim omite deliberadamente os êxitos internacionais deste clube; ao fazer aquelas insinuações ignora que, no mesmo período de três décadas, o FCP foi por duas vezes campeão europeu, uma vez finalista vencedor da Taça UEFA, uma vez finalista vencido desta última Taça, duas vezes Campeão da Taça Intercontinental, uma vez vencedor da Super-Taça Europeia e uma outra vez finalista vencido desta mesma última Taça. Tal como o Benfica o foi no passado longínquo dos anos sessenta, o Futebol Clube do Porto é, de há trinta anos a esta parte, o principal baluarte do desporto nacional, bem como a grande referência mundial do futebol português. Por muito que isso custe àquele indizível senhor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ouvir o Senhor Luís Filipe Vieira é um jogo de paciência; vê-lo na televisão sempre a vociferar mete dó.
LFV é das pessoas do desporto que quer ganhar tudo a qualquer preço, mesmo que por processos habilidosos.Deve ter gostado, por exemplo, da arbitragem do Senhor Lucílio Baptista de ontem à noite.Foi insidiosa mas gostou; como gostaria que aquele árbitro estivesse em todos os jogos do SLB até ao fim do presente campeonato.
Acha LFV que o campeonato de há dois anos foi ganho apenas no terreno do jogo? Todos se lembram ainda das peripécias do Estádio do Algarve.Disso não fala ele.