UM TREINADOR COM MEDO
O Futebol Clube do Porto foi, esta noite, copiosamente batido pelo Liverpool por quatro bolas a uma. Um desastre. Senti-me profundamente envergonhado pelos números expressivos da derrota e pela forma como a mesma se deu. É uma derrota esmagadora que não condiz com o historial da mais prestigiada equipa portuguesa de futebol. O que aconteceu hoje em Anfield Road foi obsceno, foi uma catástrofe absolutamente inadmissível, foi mau de mais, foi uma vergonha que desprestigiou o clube, a cidade e o país.
Quando, no início do jogo, foi conhecida a constituição da equipa uma conclusão imediatamente saltava à vista de todos: o treinador do Futebol Clube do Porto estava apavorado e, por isso, ia jogar à defesa. De uma assentada procedeu à alteração de quase meia equipa, retirando quatro jogadores habituados a jogar juntos e substituindo-os por outros de carácter globalmente mais defensivo. O resultado estava claramente preanunciado: DERROTA clara, sem apelo nem agravo. Era, de resto, o renascer de um filme já conhecido noutras ocasiões, em circunstâncias muito parecidas. Foi assim com o Chelsea há um ano; foi assim no início desta época com a final da Super Taça Cândido de Oliveira. Em ambos os casos Jesualdo teve medo; em ambos os casos o Futebol Clube do Porto perdeu.
No desporto, como em todas as actividades da vida, quem tem medo raramente ganha, quase sempre perde. Foi o que aconteceu em Anfield Road. Nunca pensei que, aos sessenta anos, um homem com a experiência de vida de Jesualdo Ferreira ainda tivesse medo. Medo de quê? De perder um jogo de futebol? Como já lhe disse um dia, quando também perdeu a final da referida Taça Cândido de Oliveira, se não for capaz de se libertar dos medos de que se atormenta quando tem de enfrentar uma grande equipa europeia de futebol ou uma equipa portuguesa de capacidade semelhante, não pode continuar a ser o treinador do Futebol Clube do Porto.
O que vai fazer agora na jogo do próximo Sábado com o Benfica? Vai jogar à defesa? Ou vai jogar de peito feito, sem medo, com os jogadores que habitualmente ganham? Dificilmente terá condições serenas de trabalho se voltar a perder no Sábado nas circunstâncias em que perdeu esta noite em Anfield Road. Por que é que mudou meia equipa para este jogo? Por que é que, atarantado, sistematicamente mexe na equipa para os jogos de alto risco? Ainda não aprendeu a lição? Lembre-se dum grande ditado popular, Senhor Professor Jesualdo Ferreira: numa equipa que ganha não se mexe. Meta isto na sua cabeça e redima-se para ainda ter condições de continuar a ser o Treinador do Futebol Clube do Porto. Ainda não perdeu substancialmente nada; mas pode perder objectivamente tudo.
1 comentário:
Tem razão. Jesualdo Ferreira é um homem bem formado, culto, competente no trabalho de organização e preparação das equipas por onde tem passado, mas é muito medroso. Na hora da verdade, na hora das grandes decisões fica atarantado e baralha irracionalmente tudo. Baralha-se a si e aos atletas que dirige.O resultado é quase sempre um desastre. Está a passar-se com o Porto o mesmo que se passou com outras equipas que comandou. É pena.
Enviar um comentário